Organizações sociais, sindicatos e partidos políticos lançaram no último domingo, 10, um manifesto que critica o papel do mercado financeiro e da mídia na pressão sobre o governo federal para cortar recursos em áreas essenciais, como saúde, educação e programas de infraestrutura. Assinam o texto a CUT, outras centrais sindicais e sindicatos, além de partidos políticos e movimentos sociais.
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O texto denuncia uma tentativa de “chantagem” para obrigar o governo a realizar cortes estruturais e elevar as taxas de juros, favorecendo minorias privilegiadas e prejudicando a população. Os signatários apontam que essas pressões vêm em um momento de recuperação econômica, com aumento do emprego e da renda, e denunciam a falta de crítica da mídia e do mercado às altas taxas de juros e isenções fiscais para setores que lucram sem gerar emprego.
A nota afirma que a narrativa de uma crise fiscal é uma criação para justificar cortes que afetariam diretamente conquistas históricas, como o salário mínimo e os direitos dos trabalhadores.
No dia 7, a CUT/RS publicou nota pública a respeito das ameaças de cortes. A central defendeu “outro caminho”, com críticas ao arcabouço fiscal e a necessidade de taxar os ricos com a necessária mobilização social. Já na última segunda-feira, 11, a CUT/RS também fez uma publicação paga no jornal Zero Hora com a mesma nota.
Leia abaixo a íntegra do manifesto
Mercado financeiro e mídia não podem ditar as regras do país Temos acompanhado, com crescente preocupação, notícias e editoriais na mídia que têm o objetivo de constranger o governo federal a cortar “estruturalmente” recursos orçamentários e outras fontes de financiamento de políticas públicas voltadas para a saúde, a educação, os trabalhadores, aposentados e idosos, bem como os programas de investimento na infraestrutura para o crescimento do país. São pressões inaceitáveis que partem de uma minoria privilegiada por isenções de impostos e desonerações injustas e indecentes; dos que manipulam a fixação das maiores taxas de juros do planeta e que chantageiam o governo e o país, especulando com o dólar e nas bolsas de valores. No momento em que o governo federal, eleito para reconstruir o país, vem obtendo resultados significativos na recuperação do nível de emprego, do salário e da renda da população, tais avanços são apresentados como pretexto para forçar ainda mais a elevação da taxa básica de juros, quando o país e suas forças produtivas demandam exatamente o contrário: mais crédito e mais investimento para fazer a economia girar. O poder financeiro, os mercados e seus porta-vozes na mídia agitam o fantasma de uma inexistente crise fiscal, quando o que estamos vivendo é a retomada dos fundamentos econômicos, destruídos pelo governo anterior. Onde estavam esses críticos quando Bolsonaro e Guedes romperam os orçamentos públicos e a credibilidade do Brasil? Onde estavam quando a inflação caminhava para 12%? Agora querem cortar na carne da maioria do povo, avançando seu facão sobre conquistas históricas como o reajuste real do salário-mínimo e sua vinculação às aposentadorias e ao BPC, o seguro desemprego, os direitos do trabalhador sobre o FGTS, os pisos constitucionais da Saúde e da Educação. E nada falam sobre o maior responsável pelo crescimento da dívida pública, que é a taxa de juros abusiva e crescente. Nada falam sobre as desonerações de setores que lucram muito sem gerar empregos, inclusive a mídia; a imoral isenção de impostos sobre lucros e dividendos nem sobre a recusa de taxar grandes fortunas, por parte de uma maioria do Congresso que se apropria de fatias cada vez maiores do Orçamento. Chega de hipocrisia e de chantagem! Cortar recursos de quem precisa do Estado e dos investimentos públicos só vai levar o país de volta a um passado de exclusão e injustiça que os movimentos sociais e o povo lutam há tempos, todos os dias, para transformar numa sociedade melhor e mais justa. Assinam: Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, MST, MTST, CUT, INTERSINDICAL, CONTAG, CNTE, CONTEE, CMP, MTC, INESC, MBP, MPA, MNU, MAM, MMM, Sem Direitos, Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, PT, PDT, PSOL, PCDOB, Instituto de Finanças Funcionais para o Desenvolvimento – IFFD, Rede MMT Brasil, Transforma Unicamp, Subverta, Fogo no Pavio, Sindicato dos Servidores De Ciencia, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública – ASFOC/SN, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social – CNTSS, Federação Nacional das/os Assistentes Sociais, CANDACES, Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnicos Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil – FENAPSI, Federação Nacional dos Psicólogos, Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais – Abecs, Fineduca, ABGLT, Rua, Juventude Manifesta, Resistência, ANPAE, FNPE, Confederação Sindical Educação dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, Associação Rede Unida, Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO, Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABReS), Frente Pela Vida |