SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

AGROECOLOGIA

Com emendas da oposição, projeto de Melo que atacava autonomia das feiras ecológicas de Porto Alegre é enfraquecido e aprovado na Câmara de Vereadores

A Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou, nessa segunda-feira, 11, o projeto de lei 037/2023, proposto pela Prefeitura de Sebastião Melo (MDB) e que atacava a autonomia histórica das feiras ecológicas da cidade. Porém, com seis emendas da oposição aprovadas, o projeto acabou perdendo força, com a garantia de pautas importantes para os organizadores atuais das feiras.

Pela lei, a ocupação das vagas disponí­veis nas feiras existentes e nas futuras serão preenchidas mediante processo de seleção por meio de edital publicado pela Administração Municipal. Poderão participar da seleção produtores, processadores e comerciantes através de associações de produtores e cooperativas, desde que estejam regularmente habilitados para exercer o comércio e com certificado de conformidade orgânica. O problema, de acordo com os feirantes, é o caráter vertical da lei, expresso em seu Artigo 22 ao dizer que a organização, estrutura e funcionamento das Feiras Ecológicas serão definidos através de Decreto Municipal . Além disso, originalmente, o art. 23 afirmava que compete ao Executivo Municipal estabelecer normas de funcionamento dentro dos critérios de conveniência e oportunidade, ouvidas as comissões das respectivas feiras ou o Conselho das Feiras Ecológicas, inclusive no tocante aos equipamentos a serem utilizados nas unidades de feira .

Entretanto, com a aprovação da emenda nº 7, proposta pelo vereador Pedro Ruas (Psol), a participação do Conselho é obrigatória, e não opcional. Em outra emenda, do vereador Roberto Robaina (Psol), é assegurado ao Centro Agrí­cola Demonstrativo (CAD), interlocutor entre as feiras e a Prefeitura, fazer parte do Conselho. Uma adição do vereador Giovani Culau (PCdoB) também estipula que a organização de cada unidade ficará a cargo das Comissões de Feirantes, respaldadas no Conselho e resguardadas as competências do Executivo. Uma emenda do vereador Jonas Reis (PT) diz respeito à inclusão de bolicheiros, que comercializam produtos certificados de terceiros, e feirantes convidados. O texto determina que as vagas disponí­veis aos bolicheiros sejam destinadas para complementar produtos não comercializados nas unidades de feiras ecológicas, conforme deliberações das Comissões de Feiras. Outra emenda do parlamentar destaca que a elaboração do edital de admissão se dará em conjunto entre a unidade e o CAD, passando pelo Conselho.

Conforme avaliação do Conselho de Feiras Ecológicas de Porto Alegre (CFEMPOA), não é a lei dos sonhos, nem o que a história das Feiras Ecológicas mereciam. Mas foi o que a caminhada possibilitou , mas o Conselho foi ouvido pela oposição e as emendas, aprovadas. Texto divulgado pelo Conselho afirma que o governo precisa entender que sua prerrogativa não é o sufocamento da iniciativa popular e nem o apagamento da luta por garantia de seus direitos . O CFEMPOA aponta ainda, como principais pontos garantidos pelas emendas, a garantia de autogestão; a realização de edital para novos e novas feirantes elaborados com a participação de cada Comissão de Feira; a sucessão familiar com prazo de 90 dias para fazer transição na famí­lia, para ver quem poderá assumir a banca em caso de alguma situação prevista por lei; a continuidade do CAD; e a retirada da ideia do atravessador.

A diretora do Sintrajufe/RS Cristina Viana, que acompanhou a votação na Câmara, avalia que foi muito importante a atuação do CFEMPOA, que não abriu mão de seus direitos, assim como dos produtores e produtoras, consumidores e entidades presentes na sessão da Câmara Municipal para que o projeto original, que prejudicava muito o funcionamento das feiras agroecológicas de Porto Alegre, retirando especialmente a sua autogestão, não fosse aprovado . Para Cristina, é muito importante para as e os consumidores a existência das feiras como estão organizadas há mais de 30 anos em Porto Alegre, para ter acesso aos alimentos de qualidade, sem venenos que causam doenças, direto dos e das produtoras, e com preço justo, sem intermediação. O acesso aos alimentos de qualidade e sem contaminação por agrotóxicos é mais um direito que o governo Melo tenta tirar dos porto-alegrenses .

Com informações do Sul 21 e do Conselho de Feiras Ecológicas de Porto Alegre (CFEMPOA)