Foi encerrada nesta quarta-feira, 16, com uma grande caminhada, a 7ª edição da Marcha das Margaridas, em Brasília. O Sintrajufe/RS esteve presente nas atividades, que tiveram início na terça-feira, 15, e reuniram, conforme a organização, cerca de 100 mil mulheres.
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Na manhã de terça, quando caravanas ainda chegavam à capital federal, lideranças do ato estiveram presentes no Senado para uma sessão solene em que também apresentaram um documento com a indicação de projetos e emendas favoráveis e prejudiciais à vida das mulheres. Durante as intervenções no plenário, elas lembraram o tema da mobilização deste ano, Pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver , e apontaram que só é possível pensar em soberania e em qualidade de vida sem políticas de morte como o marco temporal e o projeto de lei 1.459/2022, conhecido como PL do Veneno.
Ainda antes da abertura, foram realizadas atividades de formação relacionadas aos eixos políticos da Marcha nos diversos espaços no Parque da Cidade. A abertura oficial do evento ocorreu na noite de terça, com a participação de representantes dos movimentos sindical e sociais. O norte da Marcha das Margaridas, neste ano, é a reconstrução do Brasil após seis anos de resistência em que as políticas públicas e os direitos da população mais vulnerável foram atacados pelos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). A marcha deste ano também defende a ideia de bem viver, um conceito que está associado à experiência de vida coletiva expressa por meio da solidariedade, do compartilhamento e do direito à existência para todas, inclusive as mulheres negras, trabalhadoras, do campo, da floresta e das águas.
A Marcha das Margaridas deste ano conta com 13 eixos políticos. Veja abaixo:
- Democracia participativa e soberania popular
- Poder e participação política das mulheres
- Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética
- Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios
- Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional
- Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns e proteção da natureza com justiça ambiental e climática
- Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda
- Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo
- Saúde, previdência e assistência social pública, universal e solidária
- Universalização do acesso à internet e inclusão digital
- Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo
- Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade
A diretora do Sintrajufe/RS Arlene Barcelos, que participou das Marchas Margaridas, conta que, na terça-feira, permaneceu na tenda do Coletivo Jurídico, onde foram realizadas diversas orientações sobre direitos das mulheres. O acesso à Justiça é um desses direitos e precisa ser democratizado. O nosso papel foi levar, com a distribuição de cartilhas e conversas com as mulheres, informações sobre a Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho, Justiça Federal e Justiça comum. Quanto mais informações, mais somos sabedoras de nossos direitos , conclui.
Também estavam presentes nas atividades as diretoras do Sintrajufe/RS Camila Telles e Márcia Coelho, a colega do TRF4 Bethânia Luise Brenner e as colegas aposentadas Lourdes Helena de Jesus Rosa e Maurea Dill Ferreira.
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História
Coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a mobilização tem como ponto de partida a resposta ao assassinato da sindicalista Margarida Maria Alves. Trabalhadora rural, nordestina e uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no Brasil. Ela foi assassinada a tiros na porta de casa em 1983. Desde a primeira edição, as mulheres obtiveram avanços para as trabalhadoras rurais como titulação conjunta de terras, programas de documentação, acesso ao crédito, à educação no campo e à aposentadoria aos 55 anos, dentre outras vitórias.
Marcha da reconstrução
A marcha propriamente dita teve início nas primeiras horas da manhã desta quarta, e chegou ao Congresso Nacional por volta das 9h45min. Durante o ato que se seguiu na Esplanada dos Ministérios, estiveram no local a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a primeira-dama, Janja da Silva, e o presidente Lula (PT), que fez pronunciamento anunciando um programa emergencial de reforma agrária com foco nas mulheres, lançou o Pacto Nacional de Prevenção ao Feminicídio e assinou outros decretos (veja abaixo).
Decretos assinados por Lula, conforme a Agência Câmara de Notícias:
– decreto que institui o Programa Quintais Produtivos para promover a segurança alimentar e nutricional de mulheres rurais;
– decreto sobre seleção de famílias e retomada da reforma agrária;
– decreto que institui a comissão de enfrentamento à violência no campo;
– decreto que cria o grupo de trabalho interministerial para o Plano de Juventude e Sucessão Rural, destinado a oferecer serviços públicos para a população jovem da agricultura familiar e ampliação das oportunidades de trabalho e renda para esse público;
– decreto que institui o Programa Nacional de Cidadania Bem Viver para as Mulheres Rurais, para retomada de programa nacional de documentação da trabalhadora rural;
– decreto que cria o Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios;
– decreto que retoma a Política Nacional para os Trabalhadores Empregados, para fortalecer os direitos sociais desses operários; e
– decreto que retoma o Programa Bolsa Verde, que faz pagamentos a famílias de baixa renda inseridas em áreas protegidas ambientalmente.
A diretora do Sintrajufe/RS Arlene Barcelos avalia que a Marcha reforçou que o legado de Margarida Alves é a luta contra todas as formas de exploração e violência . Para Arlene, essa é a Marcha da reconstrução do Brasil e pela retomada de direitos da classe trabalhadora! .