SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

MULHERES

Com 100 mil mulheres em Brasí­lia, Marcha das Margaridas mobilizou Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver ; Sintrajufe/RS esteve presente

Foi encerrada nesta quarta-feira, 16, com uma grande caminhada, a 7ª edição da Marcha das Margaridas, em Brasí­lia. O Sintrajufe/RS esteve presente nas atividades, que tiveram iní­cio na terça-feira, 15, e reuniram, conforme a organização, cerca de 100 mil mulheres.

Na manhã de terça, quando caravanas ainda chegavam à capital federal, lideranças do ato estiveram presentes no Senado para uma sessão solene em que também apresentaram um documento com a indicação de projetos e emendas favoráveis e prejudiciais à vida das mulheres. Durante as intervenções no plenário, elas lembraram o tema da mobilização deste ano, Pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver , e apontaram que só é possí­vel pensar em soberania e em qualidade de vida sem polí­ticas de morte como o marco temporal e o projeto de lei 1.459/2022, conhecido como PL do Veneno.

Ainda antes da abertura, foram realizadas atividades de formação relacionadas aos eixos polí­ticos da Marcha nos diversos espaços no Parque da Cidade. A abertura oficial do evento ocorreu na noite de terça, com a participação de representantes dos movimentos sindical e sociais. O norte da Marcha das Margaridas, neste ano, é a reconstrução do Brasil após seis anos de resistência em que as polí­ticas públicas e os direitos da população mais vulnerável foram atacados pelos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). A marcha deste ano também defende a ideia de bem viver, um conceito que está associado à experiência de vida coletiva expressa por meio da solidariedade, do compartilhamento e do direito à existência para todas, inclusive as mulheres negras, trabalhadoras, do campo, da floresta e das águas.

A Marcha das Margaridas deste ano conta com 13 eixos polí­ticos. Veja abaixo:

  • Democracia participativa e soberania popular
  • Poder e participação polí­tica das mulheres
  • Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hí­drica e energética
  • Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios
  • Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional
  • Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns e proteção da natureza com justiça ambiental e climática
  • Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda
  • Educação pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo
  • Saúde, previdência e assistência social pública, universal e solidária
  • Universalização do acesso à internet e inclusão digital
  • Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo
  • Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade

A diretora do Sintrajufe/RS Arlene Barcelos, que participou das Marchas Margaridas, conta que, na terça-feira, permaneceu na tenda do Coletivo Jurí­dico, onde foram realizadas diversas orientações sobre direitos das mulheres. O acesso à Justiça é um desses direitos e precisa ser democratizado. O nosso papel foi levar, com a distribuição de cartilhas e conversas com as mulheres, informações sobre a Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho, Justiça Federal e Justiça comum. Quanto mais informações, mais somos sabedoras de nossos direitos , conclui.

Também estavam presentes nas atividades as diretoras do Sintrajufe/RS Camila Telles e Márcia Coelho, a colega do TRF4 Bethânia Luise Brenner e as colegas aposentadas Lourdes Helena de Jesus Rosa e Maurea Dill Ferreira.


História

Coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a mobilização tem como ponto de partida a resposta ao assassinato da sindicalista Margarida Maria Alves. Trabalhadora rural, nordestina e uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no Brasil. Ela foi assassinada a tiros na porta de casa em 1983. Desde a primeira edição, as mulheres obtiveram avanços para as trabalhadoras rurais como titulação conjunta de terras, programas de documentação, acesso ao crédito, à educação no campo e à aposentadoria aos 55 anos, dentre outras vitórias.

Marcha da reconstrução

A marcha propriamente dita teve iní­cio nas primeiras horas da manhã desta quarta, e chegou ao Congresso Nacional por volta das 9h45min. Durante o ato que se seguiu na Esplanada dos Ministérios, estiveram no local a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a primeira-dama, Janja da Silva, e o presidente Lula (PT), que fez pronunciamento anunciando um programa emergencial de reforma agrária com foco nas mulheres, lançou o Pacto Nacional de Prevenção ao Feminicí­dio e assinou outros decretos (veja abaixo).

Decretos assinados por Lula, conforme a Agência Câmara de Notí­cias:

– decreto que institui o Programa Quintais Produtivos para promover a segurança alimentar e nutricional de mulheres rurais;

– decreto sobre seleção de famí­lias e retomada da reforma agrária;

– decreto que institui a comissão de enfrentamento à violência no campo;

– decreto que cria o grupo de trabalho interministerial para o Plano de Juventude e Sucessão Rural, destinado a oferecer serviços públicos para a população jovem da agricultura familiar e ampliação das oportunidades de trabalho e renda para esse público;

– decreto que institui o Programa Nacional de Cidadania Bem Viver para as Mulheres Rurais, para retomada de programa nacional de documentação da trabalhadora rural;

– decreto que cria o Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicí­dios;

– decreto que retoma a Polí­tica Nacional para os Trabalhadores Empregados, para fortalecer os direitos sociais desses operários; e

– decreto que retoma o Programa Bolsa Verde, que faz pagamentos a famí­lias de baixa renda inseridas em áreas protegidas ambientalmente.

A diretora do Sintrajufe/RS Arlene Barcelos avalia que a Marcha reforçou que o legado de Margarida Alves é a luta contra todas as formas de exploração e violência . Para Arlene, essa é a Marcha da reconstrução do Brasil e pela retomada de direitos da classe trabalhadora! .