Começou a repercutir na imprensa nesta semana o fato de que os resultados das fiscalizações feitas nas urnas pelos militares ainda não foram divulgados, dez dias depois do primeiro turno das eleições. Conforme uma jornalista do jornal O Globo, há rumores, entre os militares, de que Jair Bolsonaro (PL) pediu que a divulgação fosse segurada até depois do segundo turno da disputa presidencial e que os militares se esforçassem mais, já que as conclusões não batiam com suas próprias posições.
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Vamos permanecer na região da seção eleitoral , estimula Bolsonaro
Após meses questionando as urnas eletrônicas e forçando uma tutela militar das eleições, Bolsonaro foi ao segundo turno e, até o momento, calou sobre os resultados da auditoria. A fiscalização realizada pelas Forças Armadas só ocorreu após forte pressão do candidato à reeleição, mas, agora, os resultados dessa fiscalização parecem não interessar.
Nesta terça-feira, 11, em Pelotas, Bolsonaro voltou a tentar jogar dúvidas sobre os resultados e deu a entender que, caso perca as eleições, o resultado não deverá ser confiável: Tenho certeza que o resultado será aquele que todos nós esperamos. Até porque o outro lado não consegue reunir ninguém. Todos nós desconfiamos. Como pode aquele cara [Lula] ter tantos votos se o povo não está ao lado do mesmo? , disse. E estimulou seus apoiadores a tumultuarem o processo eleitoral: No próximo dia 30, de verde e amarelo, vamos votar. E mais do que isso. Vamos permanecer na região da seção eleitoral até a apuração do resultado .
Conclusões contrariam teorias da conspiração de Bolsonaro
Na quinta-feira, 6, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou o seu próprio diagnóstico dos testes, concluindo que não houve nenhuma irregularidade e que as urnas eletrônicas tiveram 100% de aprovação. Já as Forças Armadas, que prometeram seus resultados em até quatro horas após o fim das votações, seguem sem se pronunciar.
O teste das forças armadas avaliaram uma amostra de ao menos 385 boletins de urna e um projeto-piloto com uso da biometria para testar 58 aparelhos. Conforme a jornalista Malu Gaspar, de O Globo, o teste não encontrou nenhuma irregularidade nas eleições durante o primeiro turno . Ainda segundo a jornalista, as conclusões foram descritas pelo ministro da Defesa, Paulo César Nogueira, a Bolsonaro, que não autorizou a divulgação dos resultados e disse que os militares deveriam se esforçar mais, porque as informações não batiam com o que ele próprio soube a respeito do assunto . A matéria ainda aponta que ao ser informado das conclusões do trabalho, o presidente determinou que fosse feito um ˜relatório completo™, incluindo o segundo turno, porque o fato de não terem sido encontradas fraudes no primeiro turno não significava que não haveria problemas na segunda etapa. Sem o tal relatório completo, decretou Bolsonaro, não deveria haver nenhuma divulgação de conclusões .
Sintrajufe/RS move ações contra declarações que atacam servidores e servidoras da JE
As declarações por meio das quais Bolsonaro vem colocando em dúvida a lisura do processo eleitorais atacam e geram prejuízo aos servidores e servidoras da Justiça Eleitoral já geraram duas ações judiciais movidas pelo Sintrajufe/RS. A primeira foi ajuizada em 2021 e tramita sob o número 5044913-38.2021.4.04.7100, em grau de recurso, sem manifestação até o momento do relator, desembargador Victor Laus. Em 2022, o sindicato ingressou com nova ação judicial, após a reunião de Bolsonaro com os embaixadores, por danos morais a servidores e servidoras da Justiça Eleitoral, ante os reiterados ataques de Bolsonaro e seus apoiadores contra o sistema eletrônico de votação, sem apresentação de qualquer prova. Na ação, o sindicato argumenta que os servidores e as servidoras da Justiça Eleitoral estão sendo prejudicados pelas declarações de Bolsonaro, passando a correr riscos, pois passam a ser vistos por setores da sociedade como partícipes de uma suposta conspiração de urnas eletrônicas fraudadas .
No dia 19 de setembro, o Sintrajufe/RS interpôs recurso de apelação na ação judicial. O recurso questiona o indeferimento proferido pela juíza federal substituta Paula Weber Rosito, da 8ª Vara Federal de Porto Alegre, nesta segunda ação. A juíza julgou improcedente o pedido para que fosse determinada à União que, por meio de seus agentes públicos e políticosem especial o Presidente da República -, se abstenha de veicular, por rádio, televisão, jornais, revistas, sites ou qualquer outro meio, físico ou digital, qualquer manifestação que sugira à população brasileira a existência de fraude nos processos eleitorais promovidos pela Justiça Eleitoral, condenando a União a pagar aos substituídos processuais danos morais coletivos .