SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

INTIMIDAÇÃO

Arthur Lira aceita pedido do PL e abre processo de cassação contra 6 deputadas de esquerda que criticaram o marco temporal

As mulheres ocupam apenas 18% das cadeiras na Câmara dos Deputados, mas representam 63% dos parlamentares que enfrentam processos de cassação de mandato no Conselho de Ética. Apenas na última semana, seis deputadas de esquerda foram parar no Conselho de Ética depois que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), aceitou o pedido do PL protocolado dias antes, mesmo havendo pedidos mais antigos contra parlamentares homens, que estão parados na Mesa Diretora.

A representação do PL tem como base os discursos das deputadas com crí­ticas aos colegas durante a votação do PL 490/2007, que trata do marco temporal para demarcação de terras indí­genas. Foram incluí­das as deputas Célia Xakriabá (Psol-MG), Érika Kokay (PT-DF), Fernanda Melchionna (Psol-RS); Juliana Cardoso (PT-SP), Sâmia Bonfim (Psol-SP) e Talí­ria Petrone (Psol-RJ). Juliana e Tarí­lia já respondiam a processos no Conselho por crí­ticas que tinham feito aos deputados do PL.

As deputadas alegam que há uma tentativa deliberada de intimidar o trabalho das mulheres na Câmara dos Deputados. A representação do PL é uma ní­tida e ineficaz tentativa de nos intimidar e tem um forte componente sexista. Nós não vamos recuar e seguiremos ainda mais fortes na defesa dos direitos dos povos indí­genas e de todo o povo brasileiro , destacou Érika Kokay.

A parlamentar do Distrito Federal lembrou que o PL, autor da representação que pede cassação dos mandatos, é o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi denunciado na Organização das Nações Unidas (ONU) por crimes contra os povos indí­genas. Foi com indignação que reagi à representação do PL pedindo a cassação do meu mandato por denunciar o genocí­dio indí­gena que representa o projeto do novo Marco Temporal , acrescentou a deputada.

O que é inusitado é que a Câmara acaba dando uma celeridade maior a esses processos do que a outros que estão lá há muito tempo de pessoas que nitidamente cometeram crimes. A peça, se você espremer, essa representação que eles fizeram, só sai dali misoginia, só sai dali violência polí­tica de gênero e violência contra os povos indí­genas”, destacou Érika Kokay.

Fonte: Brasil de Fato