SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

Em live promovida pelo Sintrajufe/RS, mulheres trazem diferentes perspectivas sobre violências machistas

O Sintrajufe/RS realizou, na última quarta-feira, 24, a live Violências contra as mulheres: Não se cale! Denuncie! . A atividade é parte da 2ª Jornada Feminista Plurissindical e do Março de Luta das Mulheres. Participaram como painelistas Luana Pereira da Costa, advogada e mestre em Sociologia; Deborah Finocchiaro, multiartista; e Suzana Braun, psicóloga e comissária de polí­cia, plantonista da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher da Polí­cia Civil. A diretora do Sintrajufe/RS Luciana Krumenauer foi a mediadora da atividade.

Ao longo do debate, foram veiculados ví­deos que fazem parte da série Confessionários, realização de Deborah Finocchiaro. Nos ví­deos, atrizes interpretam textos roteirizados a partir de depoimentos de mulheres ví­timas de violência. A partir desses ví­deos, o debate se desenvolveu na live abordando diferentes temas e perspectivas.

Ciclos de violência e saí­das

A multiartista Deborah Finocchiaro contou que a série Confessionário surgiu quando ela se deparou com o aumento de feminicí­dios (ou de denúncias) em meio à pandemia. A arte, explica, foi utilizada uma vez mais como um instrumento para buscar construir um mundo mais digno. Deborah destacou, como parte desse caminho, a necessidade de fortalecer as redes de apoio, de forma que as mulheres saibam que não estão sozinhas.

A advogada Luana Pereira da Costa lembrou que a violência doméstica não é apenas fí­sica, mas também pode ser psicológica, sexual, patrimonial ou moral. Compreender que o problema não se resume à agressão fí­sica, sublinhou, é fundamental para seu enfrentamento. Ao mesmo tempo, Luana defendeu que é preciso que se apontem caminhos para romper os ciclos de violênciaa recuperação da autoestima e o rompimento do isolamento são, nesse sentido, duas necessidades. Assim, é muito importante que mais mulheres falem de suas experiências de violência para que outras não se sintam isoladas e possam procurar acolhimento. Nessa perspectiva, a diretora Luciana Krumenauer ressaltou a importância dos processos de escuta, que tanto mulheres quanto homens se disponham a escutar e identificar a violência, participando, também do rompimento do isolamento e dos ciclos violentos.

Suzana Braun, plantonista da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher da Polí­cia Civil, afirmou que, quando uma mulher procura a rede de proteção, é importante conseguirmos entender a alma dessa mulher , fazer a escuta com cuidado e atenção, para realizar o encaminhamento necessário. Para ela, a polí­tica pública precisa se tornar eficaz, temos que ter mecanismos de defesa, responsabilização e acolhimento , e, ao mesmo tempo, é fundamental informar e conscientizar as mulheres de que elas devem procurar ajuda. Ela lembrou que há toda uma rede de proteção, inclusive com delegacias especializadas, mas que a melhor rede de proteção ainda é a comunidade .

Serviços públicos

As falas passaram, também, pela necessidade de amor e cuidado com si próprio e com os outros. Precisamos aprender a nos amar em meio a essa sociedade competitiva , disse Deborah, completando: Temos que nos amar e respeitar a nós mesmas . Suzana, por sua vez, lembrou que também é preciso enxergar o outro e acolher quem precisa. No seu caso, como servidora da Polí­cia Civil, disse que é preciso esquecer a exaustão, as dificuldades que temos. Vem uma força muito grande quando atendemos as mulheres , afirmou.

As dificuldades enfrentadas nos serviços públicos para qualificar as polí­ticas públicas também foram abordadas. Luana lembrou que estruturas importantes nos ní­veis federal, estadual e municipal vêm sendo sistematicamente desmontadas nos últimos anos. E isso faz diferença em recursos, em estrutura, e conseguimos perceber uma dificuldade em acolhimento para além da polí­cia e do Judiciário , criticou, dificuldades essas agravadas para quem está na periferia das cidades.

Telefones

Todas as participantes falaram, ainda, da importância da divulgação dos dois números de telefone adequados para denúncias de violência contra as mulhereso 180, do Centro de Atendimento à Mulher; e o 190, da polí­cia militar, que deve ser utilizado em situações que necessitam de ação ostensiva e imediata. No caso do 180, a denúncia é realizada e a ví­tima é encaminhada para a melhor forma de dar prosseguimento ao caso.

Veja abaixo a í­ntegra da live: