Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos apresentado nesta sexta-feira, 18, aponta que 36,7% dos domicílios brasileiros estavam com algum grau de insegurança alimentar em 2017 e 2018. São 84,9 milhões de pessoas nessa situação, o pior quadro em 15 anos.
Os dados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 (Análise da Segurança Alimentar), divulgada essa semana pelo IBGE. Conforme a análise do Dieese, essa realidade degradante anterior ainda a chegada da pandemia revela o abandono e o descaso do governo com as políticas públicas desde 2016 e que se agravou de 2019 para cá . A situação é agravada pela alta inflação, pela redução do auxílio-emergencial de R$ 600 para R$ 300 e pelo aumento do desemprego, que também bate recordes. As políticas do governo Bolsonaro de desmonte dos serviços públicos e de precarização das condições de trabalho também pioram o cenário.
Segundo o Dieese, a insegurança vinha diminuindo ao longo dos anos, desde 2004, mas em 2017-2018, houve uma piora, subindo para 36,7% dos domicílios – pior resultado desde o início do levantamento . A insegurança alimentar grave, quando os moradores passaram por privação severa no consumo de alimentos, podendo chegar à fome, afetou 10,7 milhões de pessoas no período.
Nos últimos 12 meses, o preço dos alimentos subiu em média 8,83%. O arroz, produto básico, tem aumento acumulado de 19,2% no ano; o óleo de soja, 18,6%. O presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Ronaldo dos Santos, chegou a afirmar que o povo estaria consumindo demais, o que seria um dos fatores para a subida do preço. Matéria do jornal O Globo, porém, demonstra que o aumento do preço tem impactado mais justamente nas famílias ameaçadas pela fome.