SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

REVOLTA SELETIVA

Em quatro anos de governo, Bolsonaro furou o teto de gastos em R$ 795 bilhões sem nervosismo do “mercado”; EC 95 precisa é ser revogada

A equipe de transição do governo eleito de Lula (PT) busca uma solução para o orçamento que Jair Bolsonaro (PL) deixou como herança. Entre outras medidas, ela quer retirar o Bolsa Famí­lia do teto de gastos. Mas o furo ao teto vem sendo criticado por setores da mí­dia e pelo mercado financeirosetores que não tiveram a mesma reação quando Bolsonaro, em quatro anos, furou o teto em R$ 795 bilhões, inclusive em uma tentativa desesperada de buscar a reeleição.

Conforme levantamento do economista Bráulio Borges, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), feito a pedido da BBC News Brasil, os gastos do governo Bolsonaro acima do teto somam R$ 794,9 bilhões de 2019 a 2022. Esse valor representa a soma de autorizações que a atual gestão obteve no Congresso para gastar acima do limite constitucional e outras manobras que driblaram o teto, como o adiamento do pagamento de precatórios (dí­vidas do governo reconhecidas judicialmente) e a mudança do cálculo para definir o teto em 2022 , diz reportagem da BBC. Nesse montante que compôs o furo, há repasses a estados e municí­pios, a capitalização de uma estatal ligada à Marinha, o orçamento da pandemia de covid-19 e a chamada PEC Kamikaze , que autorizou o pagamento de uma série de benefí­cios acima do limite constitucional. Sob o governo Bolsonaro, o teto foi furado com suporte do Congressoque aprovou as medidase sob o silêncio da cúpula do Judiciário.

O orçamento enviado por Bolsonaro ao Congresso para 2023 não separou R$ 600 para o atual Auxí­lio Brasil, que voltará a ser Bolsa Famí­lia. Também não garantiu verbas para áreas como o combate ao câncer, o programa Farmácia Popular, as polí­ticas de moradia, o aumento do salário mí­nimo e até a alimentação escolar. A reposição das perdas salariais do governo Bolsonaro também não está prevista.

Revogar o teto de gastos para garantir direitos

O teto de gastos, aplicado a partir da emenda constitucional 95/2016, do governo golpista de Michel Temer (MDB), impede o uso de recursos públicos em áreas fundamentais para garantir, por outro lado, a formação de superávit primário para pagar juros e amortizações da dí­vida pública. Ou seja: retira-se dinheiro que deveria ser usado para garantir direitos à população e despeja-se esses recursos no bolso de banqueiros e especuladores.

Assim, é necessário revogar definitivamente o teto de gastos para liberar recursos que fortaleçam os serviços públicos e os direitos da população. O Brasil precisa de mais e melhores serviços públicos, não menos. Para isso, a revogação do teto de gastos é urgente.