SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

CRISE ECONÔMICA

Taxa de juros do cartão de crédito aumenta e provoca mais endividamento de famí­lias

Acompanhando a alta da inflação, os juros do rotativo do cartão de crédito, modalidade responsável pela maior parte do endividamento das famí­lias no Brasil, disparou em abril deste ano, segundo informações do Banco Central divulgadas esta semana. A taxa passou de 359,1% ao ano em março para 364% em abril, um aumento de cinco pontos percentuais em apenas um mês.

A taxa anual de juros para as compras parceladas no cartão, apesar de menores que a do rotativo, também são altas e aumentaram. Passaram de 171,7% em março para 175,1% em abril. Já o cheque especial, variou quase cinco pontos percentuais, passando de 127,8% para 132,7% ao ano.

Taxas de juros altas comprometem renda

O cenário já é difí­cil para os trabalhadores e as trabalhadoras: alto desemprego, baixos rendimentos por conta da informalidade, negociações coletivas que não garantem sequer a reposição da inflação, que só cresce. Nesse contexto, as altas taxas de juros das operações de crédito vêm contribuindo para que, cada vez mais, famí­lias brasileiras sejam obrigadas a deixar de pagar contas para sobreviver.

De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), quase oito em cada dez brasileiros estavam nessa situação em junho deste ano. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostrou que 77,3% das famí­lias estão endividadasum aumento de 7,6% em relação ao ano anterior. Do total de endividados no Brasil, 86,6% estão inadimplentes no cartão de crédito.

O crédito ao consumidor mais caro afeta principalmente os trabalhadores de menor renda. Ao pagar juros mais altos, o que ocorre é uma transferência da renda do trabalhador ao sistema financeiro, conforme explica a técnica do Departamento Intersindical de Estatí­stica e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Adriana Marcolino: Quem paga são os mais pobres, por isso o aumento na Selic é péssima medida para os trabalhadores , define.

Vai piorar

A expectativa é de mais elevação de juros. Apesar de o BC ainda não ter se pronunciado sobre um possí­vel aumento da Selic, economistas ouvidos por vários portais como Forbes e Reuters no Brasil, acreditam que a taxa passará a 13,75% ao ano (aumento de 0,5 ponto percentual) na próxima reunião do Conselho de Polí­tica Monetário do BC (Copom), que deve acontecer na próxima semana. Já o ex-diretor do Banco Central, Fabio Kanczuk, em entrevista ao jornal O Globo, defendeu que a Selic suba para 14,25% até que a alta surta efeito , mesmo que isso implique em um aumento ainda maior do que o anterior.

A alta da Selic tem efeitos sobre as demais taxas de juros de mercado. Isso significa que, quando o Banco Central aumenta a Selic, normalmente as instituições financeiras elevam ainda mais as taxas de juros das demais modalidades de crédito, como o cartão de crédito, o empréstimo pessoal, o cheque especial, o financiamento imobiliário etc., aprofundando os impactos para os trabalhadores e as trabalhadoras.

Editado por Sintrajufe/RS; fonte: CUT.