SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

JURÍDICO

Sintrajufe/RS participa do Encontro Nacional do Coletivo Jurí­dico da Fenajufe, que tratou de reposição salarial, assédio, quintos, aposentadoria e outros temas

O XXVII Encontro Nacional do Coletivo Jurí­dico da Fenajufe (Colejur) aconteceu nos dias 27 e 28, na sede da federação, em Brasí­lia, reunindo diretoras e diretores jurí­dicos e advogados e advogadas de 19 sindicatos de base, totalizando 70 pessoas. No evento, foram debatidos temas como os aspectos jurí­dicos dos direitos dos servidores e das servidoras na atual conjuntura; residência jurí­dica; quintos; VPNI/GAE; projetos no Congresso Nacional; GAJ; entre outros. O Sintrajufe/RS foi representado pela diretora Cristina Viana, acompanhada dos advogados Diogo Silveira, Felipe Neri Dresh da Silveira e Carlos Guedes do Amaral e da advogada Cí­ntia Bettio, do escritório Silveira, Martins, Hübner (SMH), que presta assessoria ao sindicato, e do secretário Jacson Schossler.

A Associação Nacional dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais (Fenassojaf); o Sindicato Nacional dos servidores do MPU, CNMP e da ESMPU (SindMPU) e a Associação dos Servidores da Justiça do Distrito Federal (Assejus) participaram como entidades convidadas.

Aspectos jurí­dicos dos direitos das servidoras e servidores na atual conjuntura

Para falar dos aspectos jurí­dicos para servidoras e servidores na atual conjuntura, a Fenajufe convidou a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Delaí­de Alves Miranda Arantes e o advogado Cezar Britto, da AJN. O advogado fez um alerta para a compreensão de que a estabilidade no emprego e o concurso público, conquistas no avançar do Estado , continuam com seus inimigos presentes nos cí­rculos de poder. Britto falou da tentativa de coisificação dos trabalhadores e das trabalhadoras intensificada no governo anterior, derrotado em 2022, e que ainda continua na mentalidade de muitos governantes.

A ministra Delaí­de Alves Miranda Arantes disse que o perí­odo de dificuldades dos últimos anos impactou os trabalhadores e as trabalhadoras da inciativa privada e do serviço público, com prejuí­zo salarial e perda do poder de compra em torno de 30%, e essa não foi a única perda. Para a ministra, encontros como o promovido pela Fenajufe são importantes para discussão e planejamento para inserção dos servidores e das servidoras nos diversos meios. Um exemplo é que não só os trabalhadores não têm representação no Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), como o regimento do Conselho não permite que entidades representativas de trabalhadores questionem atos do Conselho Superior da Justiça do Trabalho.


Informes

Na abertura dos trabalhos de sábado, 28, a Fenajufe fez uma saudação pelo Dia das Servidoras e dos Servidores Públicos e, logo após, a advogada Larissa Awwad, da Assessoria Jurí­dica Nacional (Cezar Britto Advogados & Associados), e o advogado Robson Barbosa (Cassel Ruzzarin Advogados) deram informes sobre a atuação da Fenajufe e dos sindicatos.

Awwad falou sobre a participação da federação na 7ª edição da Marcha das Margaridas, que teve como tema Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver . A Fenajufe, a Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Estadual (Fenajud) e a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Ministérios Públicos Estaduais (Fenamp) realizaram oficina jurí­dica com informações e dicas para as mulheres buscarem o acesso à justiça. A advogada também destacou a importância do trabalho conjunto com as assessorias jurí­dicas dos sindicatos.

Robson Barbosa deu um panorama da atuação dos sindicatos junto aos Conselhos em temas como o teletrabalho, resolução 481/22 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); redistribuição de cargos de outros tribunais para readequar a força de trabalho para além da resolução CSJT nº 296/21 (pedido do TRT15); custeio de exames médicos e reavaliações para Gratificação de Atividade de Segurança (GAS); sobras orçamentárias do auxí­lio-saúde ao fim do ano para todos os servidores e servidoras; e pedido de providência ao CNJ para que conste na identificação da carteira funcional a condição de pessoa com deficiência.

Aposentadoria

O advogado Luis Fernando Silva (SLPG Advogados) abordou o tema aposentadoria para servidoras e servidores públicos. Sobre a sustentação financeira do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), apontou que o regime contributivo tem uma alta dependência da polí­tica governamental e que piorou com a introdução do teto (perda de receita dos jovens).

Para o advogado, é preciso pensar soluções para a criação de mecanismos de proteção social, com maior instrumento estatal de redistribuição de renda e combate à desigualdade nacional. Silva destacou que a proteção previdenciária se equipara aos direitos à saúde e à educação e não deveria depender de contribuição.

Temas repetitivos

A defesa dos direitos das servidoras e dos servidores públicos no sistema de precedentes foi o tema da intervenção do advogado Pedro Pita, que afirmou que houve, a partir do final dos anos 90, uma mudança significativa do sistema de Justiça. Dessa forma, o Brasil passou a mirar no que se chama de sistema de precedentes, que antes era apenas um sistema de normas legais. O advogado pontuou que, nesse processo, o STF, o STJ e o TST deixaram de ser cortes de cassação, que corrigem as decisões de instâncias ordinárias, e passaram a ser cortes de uniformização, desenvolvimento e interpretação do direito, estabelecendo modelos de decisão para as diversas questões jurí­dicas.

Pita informou que no STF já são 1280 temas de repercussão geral, dos quais 369 envolvem, direta ou indiretamente, os direitos das servidoras e dos servidores públicos; no STJ, 1219 temas de recursos repetitivos, dos quais 262 envolvem servidores e servidoras; no STF, 58 súmulas vinculantes e 17 envolvem servidores. Na Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, são 344 temas, 80 envolvendo servidoras e servidores.

Entre os desafios da advocacia, Pita assinalou que, do ponto de vista individual, é preciso preparar os casos judiciais considerando os precedentes existentes; em relação aos que já existem, enquadrar ou distinguir; e pensar nos precedentes futuros para solução dos casos. Com relação aos desafios coletivos, o advogado destacou a importância de levar os casos, acompanhar e disputar os temas nas cortes supremas e afirmou que, no sistema de precedentes, mais que nunca, não se perde nem se ganha sozinho.

Técnicas e técnicos judiciários

A advogada Bruna Sandim, da AJN, falou sobre os desafios jurí­dicos para as técnicas e os técnicos judiciários e relembrou a conquista do ní­vel superior (NS) com a publicação da lei 14.456/2022, e a luta da Fenajufe e dos sindicatos pela derrubada do veto de Jair Bolsonaro (PL), em dezembro de 2022. Após derrubada do veto, uma associação ajuizou a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) 7.338/DF, contestando o NS para os técnicos do Judiciário Federal. Sandim explicou que está pendente o julgamento do agravo interno interposto pela associação diante da decisão do ministro Edson Fachin, relator, que não conheceu a ADI.

A advogada falou também sobre o veto à emenda ao PL 2342/2022, a qual propõe a transformação do AQ por diploma (de ensino superior) em Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI). Por fim, ao tratar da resolução CJF 843/23, que trata do ingresso e do enquadramento dos técnicos no PJU, alertou para a extinção tanto do cargo de técnicos quanto do de analistas.

Projetos de lei com atuação da Fenajufe

O coordenador-geral da da Consilliun Soluções Institucionais e Governamentais, que presta serviço à Fenajufe, Leonel Cupertino apresentou uma análise da agenda legislativa mais urgente da Fenajufe e dos sindicatos de base, considerando a conjuntura polí­tica atual no parlamento brasileiro. Em relação aos vetos 10/2023 (PL 2969/22, MPU) e 25/2023 (PL 2342/23, PJU), enfatizou que os esforços de pressão da categoria junto a senadores, senadoras, deputados e deputadas, tanto em Brasí­lia quanto nos estados, estão produzindo resultados, e que a mobilização é o caminho para a derrubada desses vetos, que podem ser pautados em sessão conjunta do Congresso, no dia 9 de novembro.

Quanto à PEC 32/2020 (reforma administrativa), o diretor avaliou que, apesar das ameaças recentes de Arthur Lira (PP-AL) de colocar a matéria em pauta, o deputado não contaria com os votos necessários para a aprovação. Esse cenário reflete a intensa mobilização do funcionalismo público em 2021, mas é crucial que a mobilização seja contí­nua.

A PEC dos quinquênios deve ser incluí­da na pauta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado no próximo mês, disse Copertino. Ele destacou a emenda 15, apresentada pelo senador Weverton (PDT-MA), que estende a gratificação aos servidores e às servidoras do Judiciário, e ressaltou a importância de a categoria permanecer vigilante e intensificar a mobilização no próximo mês.

Quintos, VPNI/GAE e lei 14.523/2023

A advogada Letí­cia Kaufmann e o advogado João Arantes fizeram uma análise técnica sobre a situação da não absorção dos quintos e décimos incorporados pelos servidores e pelas servidoras entre 1998 e 2001 nas parcelas da recomposição salarial parcial (lei 14.553/2023). Arantes pontuou que a decisão do STF (RE 638115) diz respeito a reajustes futuros e não à recomposição parcial; mesmo assim, muitos servidores e servidoras não tiveram direito a recomposição parcial.

Outro tema de discussão foi a legalidade da acumulação da VPNI e GAE dos oficiais de justiça e a transformação do adicional de qualificação por diploma (de ensino superior) dos técnicos em Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada (VPNI), o que está em discussão no Tribunal de Contas da União (TCU).

Ambos os temas podem ser resolvidos via legislativa com a derrubada do veto 25/2023 referente ao PL 2342/22, que traz entre os seus dispositivos a não absorção dos quintos e a legalidade da acumulação das gratificações.

Assédio moral e sexualperspectiva nos Conselhos

A advogada Cintia Bettio do escritório Silveira Martins Hubner Advogados, que presta assessoria ao Sintrajufe/RS, tratou da resolução 351/2023, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que institui, no âmbito do Poder Judiciário, a polí­tica de prevenção e enfrentamento do assédio moral, do assédio sexual e da discriminação. Para Bettio, a maior dificuldade para aplicação da norma é a falta de representatividade de servidores e servidoras nos comitês e nos subcomitês responsáveis pelo combate aos assédios nos ambientes laborais. Mesmo prevista na resolução, essa representatividade, de acordo com relatos, na prática não funciona. Assim, é importante que haja maior representatividade das e dos servidores, já que, pelas resoluções, se resume a um servidor ou servidora indicado pelo sindicato, enquanto a representação da administrações e dos juí­zes é superior.

São numerosos os prejuí­zos que o assédio traz para os servidores e as servidoras, principalmente, à saúde mental, levando em alguns casos, até ao suicí­dio. O Coletivo Jurí­dico avaliou que é urgente tomar medidas para que o combate aos assédios seja, de fato, mais eficaz.

Fonte: Fenajufe