SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

NO ESTADO MAIS RICO

Letalidade policial paulista dispara em 2024; a cada três mortos, dois são pessoas negras

O estado de São Paulo vive em 2024 uma explosão de mortes em ações policiais sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas (REP). O total registrado até o momento é quase o dobro do número do mesmo período de 2023, sendo que dois terços dos mortos são pessoas negras.

O levantamento foi feito pelo Instituto Sou da Paz com base em dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública e divulgado em reportagem do jornal Folha de S. Paulo. De janeiro a agosto deste ano, 441 pessoas foram mortas por agentes das polícias civil e militar do estado de São Paulo. No mesmo período de 2023, foram 247. Ou seja, uma alta de 78% nas mortes.

O crescimento é ainda maior entre pessoas negras: 83%. Em 2024, 283 das pessoas mortas pela polícia foram identificadas como negras (soma de pardas e pretas) e 138, como brancas – outras 20 tiveram a raça ou a cor ignoradas no momento da elaboração do documento oficial da polícia. Com isso, praticamente dois de cada três mortos este ano eram negros (64% do total). O percentual de mortes de brancos foi de 31%. De acordo com o Censo, a soma da população preta e parda representa 41% da população paulista.

Em entrevista à Folha, o coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, Rafael Rocha, o que se vê é “um retorno a uma letalidade policial que tem cor, tem endereço, tem gênero. Não é à toa que, em 2024, o percentual de vítimas negras de letalidade policial em serviço bateu o recorde dos últimos anos”.

Por sua vez, a diretora-executiva do Sou da Paz, Carolina Ricardo, avalia que o crescimento da letalidade está associado a um esvaziamento do programa de controle do uso da força pela Polícia Militar: “O que temos visto desde 2023, e que tem se agravado em 2024, é uma política de segurança pública que produz mais mortes. Ainda que não tenha havido novas operações como a Escudo e a Verão, a letalidade policial segue crescente no estado, mostrando que todo investimento feito na profissionalização do uso da força entre os anos de 2020 e 2022 foi abandonado”. Nesses anos, houve expansão do programa de câmeras corporais para a PM, algo que, no entendimento do Sou da Paz, tem sido enfraquecido.

Com informações da Folha de S. Paulo