As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo preparam uma agenda nacional de luta no próximo sábado, dia 23 de março. Em Porto Alegre, o ato terá início às 15h, no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público, no Centro. Com o mote Ditadura nunca mais! , a manifestação terá a defesa da democracia como bandeira central, além de ser um momento para relembrar os 60 anos do golpe civil-militar, pedir pela punição aos golpistas do 8 de janeiro de 2023 e o fim do genocídio na Palestina.
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Até o momento, o Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou mais de 80 pessoas que participaram da invasão e da destruição das sedes dos três poderes em Brasília (DF), no dia 8 de janeiro de 2023. À época, os criminosos protestavam contra os resultados das urnas, quando a maioria dos brasileiros e das brasileiras elegeu, pela terceira vez, Lula (PT) para a Presidência da República.
Outra investigação em curso busca encontrar os responsáveis pelo plano de golpe de Estadotambém fracassadoem que membros do então governo Bolsonaro tentaram impor um regime autoritário ao país. Diante dos avanços das investigações, a bancada da extrema direita no Congresso Nacional chegou a sinalizar um projeto de lei para anistiar os condenados de 8 de janeiro. O fato é que até agora nenhum militar de alta patente, mesmo com depoimentos e documentos que apontam a tentativa de golpe organizada pelo governo Bolsonaro, foi punido até agora.
Outra bandeira que estará presente será o pedido de cessar-fogo do genocídio em curso na Faixa de Gaza. Desde o início do conflito na região, as forças de Israel já mataram mais de 30 mil civis, sendo a maioria de mulheres e crianças, além de cometerem diversas violações de direitos.
O golpe civil-militar de 1964
O golpe de 31 de março de 1964 e a instalação da ditadura não teriam ocorrido sem o interesse, o incentivo e o apoio de grupos empresariais e religiosos, por isso se fala em ditadura civil-militar. O grupo católico de extrema direita Tradição, Família e Propriedade, por exemplo, realizou diversas Marchas da Família com Deus pela Liberdade, com o falso argumento de que o país vivia sob a ameaça comunista , tudo isso com apoio da mídia.
Até pouco tempo atrás, estimava-se que cerca de 5 mil pessoas foram presas logo nos primeiros dias após o golpe. No entanto, em 2019, veio a público um ofício enviado do Rio de Janeiro, em 8 de julho de 1964, pela embaixada italiana no Brasil, ao Ministério do Exterior da Itália, citando que foram efetuadas cerca de 20 mil prisões nos primeiros dias da revolução (sic) .
Estudos mostram que os alardeados 10% de crescimento anuais da economia no milagre econômico foram abocanhados pelos 10% mais ricos. Para os trabalhadores, repressão, aumento do custo de vida e carestia. Greves, passeatas, mobilizações eram consideradas ilegais, e empresas financiaram a criação de centros de tortura e algumas, como a Wolkswagen, por exemplo, emprestaram suas instalações para salas de tortura.
Até 1985, fim da ditadura, foram cinco generais-ditadores na Presidência. Nesse período, mandatos de parlamentares, governadores e prefeitos foram cassados; servidores e servidores públicos, expurgados; a censura foi institucionalizada; eleições e direitos fundamentais foram suspensos; proibiram-se reuniões e manifestações públicas. Opositores eram sequestrados, presos, torturados, assassinados; muitos ainda constam nas listas de desaparecidos. Ainda há muito a se pesquisar sobre as violações de diretos durante a ditadura, como escravização em fazendas e assassinatos de indígenas, por exemplo.
Com informações de CUT/RS, Jornal da USP, BBC e Tortura Nunca Mais RJ