SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

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Empresários estão por trás do financiamento de manifestações golpistas em rodovias e quartéis

Nessa terça-feira, 8, procuradores de Justiça dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Espí­rito Santo disseram ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, que empresários ligados a Jair Bolsonaro (PL) estão por trás do financiamento das manifestações golpistas que têm ocorrido desde o segundo turno das eleições. Em rodovias e em frente a quartéis, manifestantes defendem pautas antidemocráticas, como um golpe militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), em atos que não reconhecem a vitória de Lula (PT) na disputa pela Presidência.

Os chefes dos Ministérios Públicos estaduais se reuniram com Moraes na sede do TSE e afirmaram que os protestos são financiados por uma grande organização criminosa formada por empresários. A reunião foi realizada para que fossem informados os avanços nas investigações para identificar os organizadores dos atos ilegais que, primeiro, trancaram rodovias em diversos pontos do paí­s e, agora, estão concentrados em frente a quartéis militares pedindo o que chamam de intervenção federal .

Em São Paulo, investigações da procuradoria ainda em andamento indicam a atuação de empresários e até de prefeituras na organização dos bloqueios de rodovias e nos atos diante de quarteis das Forças Armadas. Segundo o procurador-geral do Estado Mário Sarrubbo, são empresários que são financiadores, nós já temos alguns nomes, mas que não podemos relevar, que estão sendo investigados , disse. E denunciou: Na nossa visão, é uma grande organização criminosa com funções predefinidas e financiadores. Isso é de conhecimento público. Há várias mensagens com números de Pix para que as pessoas possam abastecer financeiramente. Precisamos estabelecer quem desempenhou cada função. O procurador-geral de São Paulo acredita que o movimento tem abrangência interestadual . Há algo em ní­vel nacional e nós vamos trabalhar e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fornecerá algumas informações e com isso a gente espera que o Brasil possa prosseguir sem golpes , disse.

A procuradora-geral de Justiça do Espí­rito Santo, Luciana Andrade, disse que os inquéritos dos MPs ainda apontaram boicotes e assédios a empresários que se recusaram a aderir às manifestações: Além dos movimentos de bloqueios de estradas e das movimentações centralizadas em algumas cidades ou bairros, a gente tem percebido um movimento do empresariado na denominada ˜lista de Schindler™, que é uma lista de empresas cujos consumidores não deveriam adquirir produtos e serviços. É um embaraço à livre iniciativa de comércio, algo que a gente não via há muitos anos. Isso precisa ser repudiado .

Na segunda-feira, 7, o ministro Alexandre de Moraes determinou que as forças policiais estaduais e federais enviem todas as informações sobre possí­veis financiadores dos bloqueios das rodovias e dos atos em frente aos quartéis das Forças Armadas em todo o paí­s.

Objetivo dos atos golpistas é dar continuidade às polí­ticas de desmonte de direitos

Os protestos golpistas vocalizam o não reconhecimento do resultado eleitoral, mas têm, no fundo, também pautas econômicas. Os empresários que financiam essas manifestações ilegais não querem o aumento do salário mí­nimo, a atualização da tabela do imposto de renda, a revogação das reformas trabalhista e previdenciária, não querem que o governo priorize o combate à fome nem a garantia de direitos para os trabalhadores e as trabalhadoraspautas que o novo governo poderá colocar em marcha.

O objetivo dos empresários golpistas é a manutenção da agenda bolsonarista de desmonte de direitos que tem gerado uma verdadeira tragédia social no paí­s. Com Bolsonaro, a fome atinge 33 milhões de brasileiros e brasileiras, a renda média cai, aumenta a precarização do trabalho e a destruição dos serviços públicos e de programas sociais fundamentais é a regra. É a favor desse caminho, trágico para a maioria da população, que esses empresários atuam.

Com recursos públicos, bloqueios no dia da votação e assédio eleitoral, quem tentou manipular as eleições foi o bolsonarismo

No contexto dos protestos financiados por empresários bolsonaristas, espera-se para esta quarta-feira, 9, a divulgação do relatório preparado pelas Forças Armadas sobre a segurança do processo eleitoral. Um relatório resultado de uma ação que extrapola as funções das Forças Armadas e do Ministério da Defesa, construí­do a partir de uma tutela militar das eleições que é inaceitável em uma perspectiva democrática.

Por outro lado, é verdade que houve tentativas de macular o processo eleitoral. Mas essas tentativas ocorreram por parte do campo polí­tico que está em torno de Jair Bolsonaro. Desde o despejo de recursos públicos às vésperas das eleições até os bloqueios de rodovias pela própria Polí­cia Rodoviária Federal (PRF) no dia do segundo turno, passando pelos milhares de casos de assédio eleitoral de empresários bolsonaristas contra trabalhadores, as tentativas de interferir de forma ilegal e/ou imoral no processo eleitoral foram constantes.