Foi realizada nessa segunda-feira, 13, a terceira reunião do Conselho Geral do Sintrajufe/RS desde o início do trabalho remoto para a categoria. Na reunião, convocada pela direção executiva da entidade, foi dado início à preparação de pesquisa que o sindicato irá realizar junto aos colegas para avaliar a situação de saúde e as condições de trabalho durante a pandemia.
Participaram da reunião, realizada de forma online, mais de 50 colegas, entre membros das direções executiva e colegiadas e diretores e diretoras de base. Além de Porto Alegre, contribuíram com o debate colegas das seguintes cidades: Bento Gonçalves, Guaíba, Montenegro, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, Santana do Livramento, Santiago, Taquara, Tupanciretã, Uruguaiana e Viamão.
A preocupação da direção do Sintrajufe/RS, que vem sendo manifestada aos tribunais em reiteradas ocasiões, reside especialmente no fato de que não se trata, neste momento, de um trabalho remoto “normal”. As condições são muito específicas, com colegas nas mais variadas situações que dificultam o andamento regular das dinâmicas de trabalho. Há colegas com crianças em casa, com espaços inadequados para a atuação laboral, com idosos sob seus cuidados, com sobrecarga de tarefas domésticas (especialmente no caso das mulheres) e com inúmeros outros contextos específicos, que devem, ainda, ser somados às tensões que todos e todas já têm enfrentado por conta da pandemia. Esses e outros aspectos foram destacados pela diretora Mara Weber e pelo diretor Zé Oliveira, que lembrou que o sindicato tem se mantido atuante nesse período, com a realização de diversas reuniões online com as administrações, com o próprio Conselho Geral e com segmentos da categoria.
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Grupos focais e questionário
Mara Weber esclareceu que a intenção da direção é a preparação imediata de uma pesquisa a ser realizada por meio de grupos focais e de um questionário para que sejam identificadas as principais dificuldades que os servidores e as servidoras têm enfrentado no atual contexto. Essa pesquisa irá subsidiar a continuidade das ações concretas do Sintrajufe/RS em defesa dos direitos, interesses e necessidades da categoria. Além disso, outras pesquisas, com mais fôlego, serão realizadas a partir de parcerias com universidades e instituições de pesquisa.
A pesquisadora associada da Fiocruz Maria Juliana Moura Correa, que é assistente social e doutora em epidemiologia, será um dos caminhos de interlocução do sindicato em uma parceria que, para além dessa primeira pesquisa, pretende realizar um amplo estudo sobre a saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras no contexto da pandemia. Ela participou da reunião e fez uma exposição sobre as intenções do projeto que está construindo na Fiocruz. Esse projeto, explicou, está reunindo informações sobre a saúde dos trabalhadores neste momento em que questões como essas estão ainda mais invisibilizadas do que normalmente já são. O projeto, assim, em parceria com sindicatos, busca monitorar e avaliar as condições de trabalho durante a pandemia. A pesquisadora informou que já tem conversado com a equipe que faz a assessoria de saúde do Sintrajufe/RS e que estão sendo estabelecidas as etapas do trabalho junto à categoria. Coordenador técnico do Departamento Intersindical Estudos Pesquisas de Saúde e Ambiente de Trabalho (Diesat), Eduardo Bonfim também participou da reunião reforçando a participação do Diesat nesse projeto coletivo de análise e intervenção sobre a saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Médico do Trabalho e integrante da equipe de saúde do Sintrajufe/RS, Geraldo Azevedo explicou que a ideia, em um primeiro momento, é realizar um processo de escuta com os servidores e as servidoras que começaram a fazer o trabalho remoto na pandemia e também com servidores que já estavam em trabalho remoto antes, para compreender as especificidades em cada caso. Serão organizadas reuniões com a assessoria de saúde para essa escuta, por segmentos da categoria, por tipos de situações nas quais os colegas estão envolvidos, e, a partir daí, será composto um questionário breve, que possa oferecer resultados rápidos e permita ações ágeis do sindicato. Depois dessa etapa, as discussões serão aprofundados, a médio e longo prazo, no projeto em parceria com a Fiocruz.
Direções de base serão fundamentais para defesa da categoria
Nas intervenções dos colegas que se seguiram às falas dos especialistas, muitas críticas às administrações e preocupação com a possibilidade de volta ao trabalho presencial. A convocação de mutirão pela Justiça do Trabalho, por exemplo, foi lembrada em diversos momentos como um exemplo do descaso com os servidores. Também foi destacada a dificuldade de estrutura para o trabalho em casa, assim como a necessidade de compreensão de que não se trata de trabalho remoto em período normal, já que problemas adicionais são vividos por muitos servidores e servidoras, como o desgaste emocional, os conflitos pela convivência 24h ou a solidão pelo isolamento – além das dificuldades práticas, como a sobrecarga das tarefas domésticas.
Foi ressaltada a importância da ação dos diretores e das diretoras de base na tarefa de mobilizar pela participação da categoria na pesquisa, tanto com os grupos focais quanto, a seguir, nas respostas aos questionários. Apenas assim, com diálogo e trabalho conjunto, será possível traçar um diagnóstico preciso da atual realidade da categoria e, com esse diagnóstico em mãos, construir ações melhor direcionadas na defesa da vida, da saúde e das condições de trabalho dos servidores e das servidoras.