No Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, celebrado nessa quinta-feira, 1º de maio, milhares de pessoas participaram dos atos públicos organizados pela CUT e demais centrais sindicais em todo o país, reivindicando o fim da escala 6×1, redução da jornada de trabalho, isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e atualização da tabela, e que não haja anistia para os golpistas de 8 de janeiro de 2023. No Rio Grande do Sul, mais de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras marcaram presença nas grandes atividades realizadas em cidades como Porto Alegre, Santa Maria, Pelotas, Caxias do Sul, Passo Fundo e Tramandaí.
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Em Porto Alegre, o ato político-cultural reuniu cerca de 3 mil pessoas na Casa do Gaúcho, no Parque Harmonia. A atividade foi marcada por falas políticas, apresentações artísticas e presença de categorias profissionais, lideranças sindicais, movimentos sociais e partidos políticos. Ao som de Produto Nacional, Samba Delas, João de Almeida Neto e Florisnei Thomaz, em uma união entre cultura e reivindicações da classe trabalhadora.



Intervenção da CUT também marcou defesa dos concursos e serviços públicos
“O 1º de Maio é um dia de luta. A CUT-RS se soma a essa história para lembrar que seguimos enfrentando jornadas excessivas, precarização, e que a pauta da vida além do trabalho é urgente. Queremos justiça fiscal, fim dos privilégios para os super-ricos e respeito à classe trabalhadora”, afirmou Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS. Ele destacou que é preciso reduzir a jornada, melhorar os salários, acabar com a escala 6×1 e aprovar a taxação dos super-ricos. O dirigente afirmou que “não podemos aceitar nenhum tipo de redução do serviço público, porque sem ele não se faz democracia, isso se faz com servidores concursados e valorizados”. Por fim, reiterou a posição da CUT-RS contra o “golpe no golpe” que significaria a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que atentaram contra a democracia, para que não se repita. Nesse ponto, Cenci recordou que os assassinos de Rubens Paiva, assim como os empresários que financiaram e apoiaram o golpe de 1964 e a ditadura, nunca foram punidos.
A diretora do Sintrajufe/RS Luciana Krumenauer, também representando o Coletivo LGBTQIA+ da CUT-RS, cobrou medidas efetivas para o combate ao feminicídio, que vitimou 1.450 mulheres no país em 2024. No RS, em abril, dez mulheres foram mortas em apenas quatro dias. A dirigente também destacou a violência contra a população LGBT+ e a necessidade do fortalecimento de políticas públicas contra a LGBTfobia.

No fim do dia, em pronunciamento oficial em rádio e TV, o presidente Lula (PT) anunciou o envio do projeto de lei de isenção de imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil e a decisão do governo de “aprofundar o debate sobre a jornada de trabalho vigente no país em que o trabalhador passa 6 dias no serviço e tem apenas um dia de descanso, a chamada jornada 6×1”.
Parte da delegação do Sintrajufe/RS que participou do 12º Congresso Nacional da Fenajufe (Congrejufe) esteve presente no ato público do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora em Foz do Iguaçu. A mobilização reuniu a CUT, centrais sindicais do Brasil, da Argentina e do Paraguai no 1º de Maio Internacional das Centrais do Cone Sul. A atividade aconteceu no Campus Jardim Universitário da Universidade Federal de Integração da América Latina (Unila), organizada pela CUT-Paraná, pela Confederação Sindical das Américas (CSA) e pela Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS).

História do 1º de Maio
No dia 1° de maio de 1886 se iniciou em Chicago, nos Estados Unidos, uma histórica greve geral, convocada pela Federação dos Grêmios e Uniões organizadas dos Estados Unidos e do Canadá, com paralisação de mais de 5 mil fábricas. Cerca de 340 mil operários foram para as ruas, por uma jornada de trabalho de oito horas diárias.
O movimento foi violentamente sufocado pela polícia, com um saldo de várias prisões e mortes. Em três dias, 38 operários estavam mortos, 115 ficaram feridos, os sindicatos foram fechados e foi decretado estado de sítio na cidade. Posteriormente, quatro manifestantes foram em praça pública, ficando conhecidos como “mártires de Chicago”.
Demandas atuais, lutas permanentes
Durante o ato do 1º de maio, a CUT-RS pautou questões urgentes para os trabalhadores e as trabalhadoras, como a precarização por plataformas digitais, a pejotização e a redução da jornada de trabalho, aliada a melhores salários.
A campanha “A vida não tem hora extra”, também destacada no evento, reforça essa crítica ao modelo de trabalho e defende o direito ao tempo livre, ao descanso e à convivência, tendo como uma das demandas mais prementes o fim da escala 6×1. A redução da jornada de trabalho sem redução de salários, é uma forma de promover o bem-estar, a inclusão social e o desenvolvimento econômico. No Brasil, funcionários contratados via CLT têm jornada de até 44 horas por semana, com possibilidade de duas horas extras por dia.
O governo Lula apresentou ao Congresso Nacional, em março, um projeto de lei que reforma o imposto de renda (IR) e prevê isenção total para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil por mês, o que pode beneficiar até 10 milhões de brasileiros, tem como objetivo aliviar a carga tributária das classes média e baixa, além de ampliar o poder de compra dos trabalhadores. A proposta corrige uma distorção do sistema atual, no qual as pessoas de rendas mais altas pagam proporcionalmente menos imposto, devido à isenção de lucros e dividendos.
Marcha a Brasília levou as reivindicações ao governo e ao Congresso
Em uma espécie de preparação para os atos do 1º de Maio, trabalhadoras e trabalhadores, do campo e da cidade, de todas as regiões do país, realizaram a Plenária e Marcha da Classe Trabalhadora, na terça-feira, 29. A atividade foi organizada pela CUT e demais centrais sindicais e tendo como principais pautas a redução da jornada de trabalho, sem redução de salários.
A pauta da classe trabalhadora foi votada durante a plenária, foi entregue ao presidente Lula (PT) e aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Mota; do Senado, Davi Alcolumbre; do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Aloysio Corrêa da Veiga. O documento apresenta as 26 reivindicações e proposições que são prioridades do movimento sindical em 2025. Entre elas, estão: redução da jornada de trabalho sem redução salarial; fim da escala 6 x 1; isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, taxação dos super-ricos e temas como valorização da agricultura familiar, cumprimento da lei de igualdade salarial entre homens e mulheres, transição energética justa, combate ao racismo e à LGBTfobia, entre outras.

Com informações da CUT-RS