SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

BANCO CENTRAL

CUT e demais centrais sindicais farão ato nacional, dia 30/7, contra os juros altos

A CUT e demais centrais sindicais realizarão uma manifestação nacional contra os juros altos, no próximo dia 30 de julho, a partir das 10h, em frente ao Banco Central (BC), na Avenida Paulista, em São Paulo. Haverá atos também em frente à sede, em Brasília, e nos demais estados, onde há representações regionais da instituição, como Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco e Rio de Janeiro. A data coincide com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que definirá a taxa de juros do país, a Selic.

Desde que o BC se tornou independente, em 2019, no governo Bolsonaro, as taxas de juros têm atendido às oscilações do mercado financeiro, sem levar em consideração a baixa inflação e a melhora nos índices econômicos desde 2023. A vice-presidente da CUT Nacional, Juvandia Moreira, diz ser inadmissível que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, mantenha a atual taxa de juros em 10,5% ao ano, após uma série de quedas de meio ponto percentual, alegando fatores econômicos externos, sem analisar a atual conjuntura do Brasil.

“Nós temos um presidente no Banco Central que joga pelo pior, que faz parte dessa elite que tem como projeto apenas o enriquecimento próprio. Ou seja, não tem projeto de país. Campos Neto boicota a economia brasileira. É um absurdo o que ele tem feito em benefício do mercado financeiro”, declarou Juvandia.

Juros altos impedem geração de emprego

A taxa Selic, utilizada como controle da inflação, serve como referência para todas as outras taxas de juros do país e vem se mantendo em patamares elevados há quase três anos. Atualmente está em 10,50% ao ano, a segunda mais alta do mundo.

Apesar do discurso de controle da inflação, diversos estudos demonstram que juros altos são péssimos para o desenvolvimento econômico e prejudicam, em especial, as camadas de mais baixa renda. É a classe trabalhadora que sofre pagando juros altos em financiamentos, cartão de crédito e todas as demais operações financeiras.

Além disso, por atrapalhar o crescimento econômico, não permite uma maior geração de empregos. Os juros altos aumentam os preços, encarecem os empréstimos e empurram o consumo para baixo.

A CUT sempre afirmou que “um crescimento econômico e uma geração de emprego e renda mais pujantes só não ocorrem devido à manutenção da taxa Selic nesses patamares superiores a 13%. As taxas de juros nas alturas sangram os cofres públicos e emperram o consumo e uma retomada mais forte do crescimento”.

Banco Central

O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão do Banco Central, formado pelo seu Presidente (hoje, Roberto Campos Neto) e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia – a Selic. Uma vez definida a taxa, o BC atua, por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais –, para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.

Criado em 1964, o BC é uma autarquia de natureza especial, inicialmente comandada pelo Executivo Federal, com o propósito de regular, por meio de uma política monetária, a economia brasileira. Entre as atribuições estão: controlar a inflação, garantir a solidez do sistema financeiro, gerenciar a circulação da moeda nacional (em espécie), além de ser o banco dos bancos e o banco do governo, fomentar o pleno emprego no país.

Isso significa que o BC funciona como uma instituição onde os bancos mantêm contas com suas reservas, que são monitoradas a fim de assegurar que os demais bancos tenham capital suficiente para arcar com seus compromissos. É também o banco onde o governo mantém suas reservas nacionais e internacionais.

Em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei complementar 179, que deu autonomia ao Banco Central. Se antes a instituição era subordinada ao Executivo, a partir da lei passou a ter autonomia para, por exemplo, manter taxas elevadas de juros como política monetária, tornando-se, portanto, parcial em seu posicionamento, já que penaliza a classe trabalhadora e favorece os rentistas (aqueles que ganham dinheiro com investimentos e não com produção) e o sistema financeiro (os bancos). Em outras palavras, transfere recursos da população ao sistema financeiro, promovendo ainda mais desigualdade no país.

O presidente do Banco Central é escolhido pelo presidente da República e tem mandato de quatro anos. Roberto Campos Neto, de acordo com o movimento sindical, tem agido para boicotar o atual governo com a manutenção toda taxa básica de juros em patamares elevados.

Fonte: CUT Nacional