SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

CPI DA COVID

Sob responsabilidade do governo Bolsonaro, 2,3 milhões de testes de Covid-19 vencerão em maio

Desde o ano passado, o Sintrajufe/RS vem denunciando o descaso do governo Bolsonaro na condução das polí­ticas de saúde voltadas para a prevenção e o combate à Covid-19. Agora, um documento da CPI da Pandemia, na CCJ, mostrou que ao menos 2,3 milhões de testes de Covid-19 devem vencer neste mês de maio antes de serem usados. As informações foram enviadas pela Procuradoria da República do Distrito Federal a pedido do senador Ciro Nogueira (PP-PI).

Em um inquérito aberto a pedido do senador Fabiano Contarato (Rede-ES) sobre a distribuição de testes em todo o Brasil, o Ministério da Saúde confirmou ao Ministério Público Federal que possui no Almoxarifado Central aproximadamente 4,3 milhões de testes moleculares (RT-qPCR) com vencimento para maio de 2021, uma rede laboratorial com capacidade instalada de processamento de aproximadamente 1,5 milhões exames/mês e uma estimativa de perda por validade de pelo menos 2,3 milhões de testes moleculares (RT-qPCR)”.

O ministério afirma que iniciou em 2020 a contratação de testes e equipamentos para extração automatizada para 100% das Redes Nacionais de Laboratórios de Saúde Pública e, assim, acelerar as testagens no paí­s. A pasta, porém, esclarece que, “em meados de setembro de 2020, o contrato firmado foi cancelado após o recebimento de parte da contratação, 10 equipamentos e 3 milhões de testes de extração”.

Governo genocida: vidas desprezadas e desperdí­cio de dinheiro público

Conforme reportagem veiculada pelo Jornal Hoje, na sexta, 14, o ministério reconheceu que deixou 1,7 milhão de testes perderem a validade. Cada teste custou aos cofres públicos R$ 42. Em novembro do ano passado, o número de testes encalhados era ainda maior: quase 7 milhões, com validade entre dezembro e janeiro deste ano.

A testagem em massa é defendida pela por organizações de saúde como medida necessária para conter a disseminação da doença desde o iní­cio da pandemia, no ano passado. Apesar de sucessivas promessas de ministros da Saúde, o Brasil é um dos paí­ses que ainda têm uma testagem considerada baixa, o que deve ter contribuí­do para colocar o paí­s entre os mais altos í­ndices de óbitos.

No mesmo documento enviado à CPI, o Ministério da Saúde encaminhou um comunicado, que enviou em junho do ano passado, à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), pedindo a paralisação provisória da entrega de 4 milhões de testes. No documento, a pasta reclama que a Opas “quer obrigar o ministério a receber uma quantidade remanescente dos referidos kits, que ainda não foram entregues, totalizando 40 mil kits, ou num total de 4 milhões de testes, sem que o ministério tenha aceito o cronograma de entrega”.

Os argumentos utilizados pelo Ministério da Saúde para a suspensão do fornecimento dos testes de Covid-19 são um atestado do pouco caso do governo federal para com a doença. Demonstram insensibilidade e indicam o caráter genocida de um governo que nada fez para reverter o avanço da doença.

“A solicitação da suspensão do fornecimento dos insumos se justifica pela pouca saí­da dos kits, superlotação do almoxarifado do MS em Guarulhos, vencimento dos kits que já estão no almoxarifado (40 mil kits, ou seja 4 milhões de testes), os quais tem vencimento previsto para dezembro de 2020 e a falta dos testes de extração RNA”, afirmou a pasta. Segundo o Ministério, se não houvesse a paralisação haveria “problemas de médio a longo prazo que podem gerar custos ao Ministério da Saúde”. O Ministério disse ainda que, se não houvesse a paralisação, teria que descartar os kits por incineração.

O Sintrajufe/RS, a exemplo das manifestações anteriores, condena a inoperância do Ministério da Saúde e a iminente perda de milhões de testes para Covid-19. É inadmissí­vel que o Ministério, passado mais de um ano da pandemia, ainda não tenha conseguido organizar um plano que garanta o fornecimento de novos exames, deixando vencer os que possui em estoque. Desde outubro de 2020, a pasta promete comprar modelos mais modernos, como testes rápidos de antí­geno, mas até agora não há nem mesmo dinheiro reservado para isso.

Com informações do G1.