SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

CULTURA

Lilian Rocha é a homenageada com o Troféu Palavra Viva do Sintrajufe/RS em 2023

Em sua 15ª edição, o Troféu Palavra Viva do Sintrajufe/RS será entregue, neste ano, à poeta Lilian Rocha. A entrega ocorrerá em uma homenagem durante a cerimônia de premiação dos concursos Literário Mario Quintana e de Fotografia da entidade, no dia 27 de outubro, às 20h, no Espaço Força e Luz (Rua dos Andradas, 1223, Centro de Porto Alegre).

O convite foi entregue a Lilian, no dia 28 de agosto, pelo coordenador da Secretaria de Formação, Cultura e Lazer do Sintrajufe/RS, Walter Oliveira, pela assessora Ana Paula Faria e pelo oficineiro de escrita criativa do sindicato, Caio Riter.

Lilian é formada em Farmácia e Bioquímica pela Ufrgs, trabalha com análise clínica e acredita que essa experiência profissional enriquece sua escrita. Quando criança, “sonhava ser cientista e artista, e consegui os dois”.

Desde que foi alfabetizada, desenvolveu o hábito de escrever. Aos 10, 12 anos, fazia contos de suspense, inspirada em Agatha Christie. A companheira era uma máquina Olivetti, presente do pai. No ensino médio, encontrou a poesia, e essa relação só se estreitou com o passar dos anos.

O foco na literatura, de maneira mais sistemática, ocorreu a partir de 2011. Lilian Rocha começou a ir a saraus, fez cursos na área, estudou neuromusicologia e passou a usar a música e a poesia nas oficinas de educação biocêntrica que ministrava. No ano seguinte, ingressou no Sarau Sopapo Poético.

O primeiro livro, “A vida pulsa – Poesias e reflexões”, é de 2013. Depois vieram “Negra Soul” (2016) e “Menina de Tranças” (2018), além de participações em obras coletivas. “Sou observadora e curiosa”, explica Lilian, ao falar sobre o que inspira suas poesias: o cotidiano, as experiências e as vivências do dia a dia.


“Estamos aqui, queremos ser vistos”

No período de 1997 a 1999, Lilian fez o curso de extensão Africanidades, do Centro Ecumênico de Cultura Negra (Cecune), onde teve contato com autoras e autoras negros, quase todos desconhecidos por ela. “Aquilo ficou borbulhando”, conta Lilian, questionando cada vez essa ausência. Ela observa que as políticas de cotas, a presença de negros e negras nas universidades, foram importantes. “Começou-se a questionar e exigir essa presença, mas esses autores não estavam disponíveis”, e as “as editoras se deram conta de que havia um público ávido por essa literatura”.

“Os avanços se deram sempre em função de uma luta, estamos aqui, queremos ser vistos, queremos que nos conheçam.” Para Lilian, ainda há muito a avançar, pois as editoras costumam investir nos mesmos nomes, enquanto há muitos outros surgindo. Ela também chama a atenção para o pequeno número de negros e negras em debates sobre literatura: “nos chamam para cumprir a cota, geralmente, sou a única negra nesses espaços”.

Considerando essas questões, Lilian destaca que o Troféu Palavra Viva, a começar pelo nome, é uma iniciativa importante. “É fundamental que as pessoas sejam mulherageadas quando estão vivas, e muitas falecem sem ter esse reconhecimento”. Ela destaca de um sindicato como o Sintrajufe/RS “trazer essa possibilidade de mostrar que a cultura também é importante”, pois a cultura possibilita vários tipos de encontros, fortalece relações, e “o ser humano não vive sem cultura”.