Na primeira sexta-feira de fevereiro (7), o Sintrajufe/RS sorteou 20 sindicalizados e sindicalizadas para assistirem ao premiado filme “Ainda estou aqui”. O sorteio contou com a inscrição de 119 colegas e possibilitou que os sorteados escolhessem a sessão e o local para assistir ao longa premiado, que está sendo exibido em diversas cidades do Estado, até o dia 28 de fevereiro.
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A partir de uma provocação do Sintrajufe/RS com a pergunta: “qual a importância do filme Ainda Estou Aqui no ano de 2025?”, os associados refletiram sobre o impacto da produção cinematográfica em um cenário político ainda marcado pela tentativa de golpe em 2022 e a impunidade dos crimes da ditadura militar de 1964.
Depoimentos dos Sócios do Sintrajufe/RS
Jaqueline Hahn A aposentada do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Jaqueline Hahn, fez uma reflexão sobre o momento histórico do Brasil. Para ela, a conquista do Oscar pelo filme é um marco simbólico que reforça a importância da liberdade de expressão, conquistada com dificuldade após a ditadura militar. “Esse filme nos traz uma enorme conscientização sobre a ditadura, nos mostrando o sofrimento das famílias e nos fazendo refletir sobre a necessidade de não permitir que um regime autoritário se repita”, disse. Ela também destaca “que a reabertura do caso Rubens Paiva junto ao STF nos traz a esperança de que todos os casos de desaparecimentos de presos políticos venham a ser apurados com o rigor da lei e que os culpados de fato venham a ser punidos para que nunca mais fatos dessa natureza voltem a acontecer no nosso país”. |
João Hélio Ferreira Já o aposentado da Justiça Federal, João Hélio Ferreira, também trouxe à tona a relevância do filme para diferentes faixas etárias. Segundo ele, a produção é um resgate necessário para aqueles que viveram aquele período sombrio. Ao mesmo tempo, acredita que o filme pode ter um impacto significativo sobre a juventude, especialmente em um cenário onde há uma certa simpatia por regimes autocráticos. “O filme pode auxiliar no necessário despertar para a importância da democracia”, afirmou. |
Mônica Acevedo Henz A também aposentada do Tribunal Regional Federal (TRF), Mônica Acevedo Henz, agradeceu o Sintrajufe/RS pela iniciativa do sorteio. Ela relacionou a obra com o momento atual de ameaças à democracia no Brasil, especialmente após a tentativa de golpe em 8 de janeiro. “O filme é sensível e doloroso, mas é também extremamente necessário. A nossa democracia, ainda incipiente, exige atenção”. Ela também reforçou a necessidade de punição para aqueles que tentam subverter a ordem democrática. |
Lisiane Ortiz Teixeira Para Lisiane Ortiz Teixeira, da Justiça Federal, a prevesevação da memória histórica é fundamental para evitar o retorno do autoritarismo. Ela acredita que o filme é necessário no combate ao negacionismo e à intolerância. “O reconhecimento da crítica e do público nacional e/ou internacional representa um marco cultural, gerando um legado que desafia o ordinário, assim como foi a vida de Eunice Paiva”, destacou. |
O passado, o presente e a necessidade de justiça
Enquanto algumas figuras da ditadura civil-militar de 64 seguem impunes e recebendo suas aposentadorias, é imprescindível que o Brasil acerte suas contas com o passado. O reconhecimento de crimes como os cometidos pelo Estado durante esse período é fundamental para que a democracia seja preservada e para que jamais se repitam os erros do passado. Além disso, as ameaças à democracia, vindas dos golpistas do 8 de janeiro, evidenciam a necessidade de uma ação firme contra quem planejou ou se omitiu no golpe de estado, civis ou militares.
Em 19 de fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para definir que três processos que tratam de vítimas da ditadura, entre eles o do ex-deputado Rubens Paiva, deverão ter repercussão geral. Isso significa que os entendimentos aplicados a esses casos valerão para outros, o que pode incluir a não aplicação da Lei da Anistia. É um começo.
O Sintrajufe/RS, ao promover o sorteio dos ingressos para esse filme, proporciona aos sindicalizados uma reflexão profunda sobre a história do Brasil, as cicatrizes da ditadura militar e a importância de não permitir que essas feridas sejam esquecidas.