SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DESIGUALDADE E DISTORÇÃO

CJF aprova pagamento retroativo de juí­zes; Pacheco, no Senado, tenta aprovar PEC que aumenta ganhos mensais em até 35%; fosso entre trabalhadores e magistrados não para de aumentar

O Conselho da Justiça Federal (CJF) decidiu, administrativamente, restabelecer o pagamento de adicional por tempo de serviço, o quinquênio, para parte da magistratura e pagar valores retroativos que renderão a cada juí­za ou juiz beneficiado até R$ 2 milhões, segundo o jornal O Estado de São Paulo. Ao mesmo tempo, o Senado prepara-se para votar, nesta quarta-feira, 30, a proposta de emenda à Constituição (PEC) 63/2013, que estabelece o pagamento dos quinquênios a todos os juí­zes e juí­zas e membros do Ministério Público da União (MPU). O ato do CJF trata do passado; a PEC, defendida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do futuro.

No CJF, a decisão irá beneficiar juí­zes e juí­zas da Justiça Federal que ingressaram na carreira antes de 2006. Além de voltar a pagar os quinquênios para esses magistrados e magistradas, o CJF decidiu que eles têm direito a valores retroativos referentes ao perí­odo em que os pagamentos estiveram suspensos desde 2005. O adicional dá direito a reajuste automático de 5% a cada cinco anos de tempo de serviço.


Já no Senado, Rodrigo Pacheco pretende colocar em votação no plenário, nesta quarta-feira, 30, a PEC 63/2013. Enquanto o CJF aponta para o perí­odo anterior “2005 a 2022 “, Pacheco aponta também para a frente e para toda a magistratura e os membros do MPU: a PEC busca restabelecer o pagamento dos quinquênios a partir de agora computando o tempo de exercí­cio anterior em “carreiras jurí­dicas” . Assim, poderá implicar reajuste imediato de até 35% para os magistrados.

A PEC deverá ser o primeiro item da sessão marcada para as 16h. Estudo da Consultoria Legislativa do Senado estima o impacto de uma possí­vel aprovação da PEC em R$ 7,5 bilhões por ano. 

Entenda o que prevê a PEC dos Quinquênios

O governo de Bolsonaro desengavetou e vem atuando desde o primeiro semestre pela aprovação da PEC 63/2013, que recria os quinquênios para juí­zes, juí­zas, procuradoras e procuradores. A PEC altera o artigo 39 da Constituição, inserindo novo § 9º, para assegurar aos membros da magistratura e do Ministério Público o pagamento mensal de parcela indenizatória de valorização do tempo de exercí­cio calculada em 5% do subsí­dio do respectivo cargo a cada quinquênio de efetivo exercí­cio, até o máximo de 7, totalizando, assim, 35% sobre o subsí­dio. Além disso, o § 10 assegura a contagem, para esse fim, do tempo de exercí­cio anterior em carreiras jurí­dicas , bem como na advocacia privada.

Pacheco lamenta privações de juí­zes e promotores e vê carreiras “pouco atrativas”  

Rodrigo Pacheco vem defendendo abertamente a proposta. O senador afirma que o adicional ser retomado é importante para a valorização da carreira da magistratura e para compensar privações : Defendo a PEC 63. A Magistratura brasileira e os membros do Ministério Público têm o direito de terem uma estruturação de carreira que possa valorizar a profissão de cada um , disse Pacheco durante evento no Rio de Janeiro, em agosto. Para ele, é necessário tornar as carreiras da Magistratura e do MP mais atrativas, tanto para aqueles e aquelas que queiram ingressar quanto para os e as que já estão e não querem sair para a iniciativa privada. A mesma preocupação, porém, não aparece quando se fala dos servidores e das servidoras.

Reposição dos servidores, que já acumulam perdas de mais de 30%, segue sem ser aprovada

Enquanto o presidente do Senado corre para aprovar um ganho de até 35% para os juí­zes, os servidores e as servidoras seguem aguardando a votação dos projetos de lei que preveem a reposição salarial para as categorias no Judiciário Federal e no MPU, os PLs 2441/2022 e 2442/2022. Jair Bolsonaro (PL) foi o único presidente, em 20 anos, a não conceder qualquer percentual de reposição salarial ao funcionalismo, mesmo com a grande campanha salarial realizada pelas diferentes categorias no último perí­odo. As perdas salariais já ultrapassam 30%, as propostas no Congresso, para os trabalhadores, prevêem o pagamento de 18%, parcelado em 4 vezes até 2024.