As universidades públicas federais têm sido alvo de notícias falsas e ataques desde o início do governo Bolsonaro. Em mais uma intervenção na autonomia dessas instituições, o presidente nomeou o professor Carlos André Bulhões Mendes como novo reitor da Ufrgs. No entanto, a chapa vencedora em consulta à comunidade acadêmica (docentes, técnicos-administrativos e estudantes) foi a dos atuais reitor e vice-reitora, Rui Oppermann e Jane Tutikian. Bulhões ficou em terceiro lugar. Nesta quinta-feira, 17, às 13h, haverá ato de protesto em frente à Reitoria da Ufrgs, com participação de várias entidades, como o Sintrajufe/RS.
Por lei, é prerrogativa do presidente da República nomear reitores e reitoras, a partir de lista tríplice encaminhada pelas instituições. A última vez em que a vontade expressa pela comunidade universitária não foi respeitada ocorru em 1992. Jair Bolsonaro (sem partido) quebrou essa sequência. Em todo o país, desde o início de seu mandato, já nomeou pelo menos 15 reitores ou diretores de instituições de ensino federais entre pessoas que não encabeçavam as listas tríplices; há casos em que nem sequer estavam entre os indicados.
Utilizando a pandemia como desculpa, Bolsonaro havia tentado, por medida provisória, nomear reitores sem consulta. Agora, no momento em que o governo apresenta a PEC 32/2020, de reforma administrativa, a nomeação de Bulhões ganha novos contornos. Sites bolsonaristas e o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) haviam anunciado, de maneira provocativa, que Bulhões seria o nomeado. Amigo do reitor nomeado por Bolsonaro, o parlamentar disse que seria uma alegria acabar com o domínio esquerdopata na universidade.
Protesto nesta quinta contra a intervenção e cortes orçamentários
Servidores e servidoras da Ufrgs, professores e professoras e estudantes, além de parlamentares e movimento social, vêm se manifestando contra a nomeação de Bulhões. Nesta quinta-feira, 17, às 13h, em frente ao prédio da Reitoria, participarão de um ato público de protesto contra a intervenção e contra os cortes orçamentários.