SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

ASSÉDIO MORAL E SEXUAL

Amarradas, trancadas, batizadas : mulheres denunciam juiz do TJ-MG por agressões e abusos sexuais

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais afastou o juiz Ather Aguiar, da Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Divinópolis, suspeito de assédio moral, sexual e violência de gênero contra, pelo menos, sete servidoras, estagiárias e ex-funcionárias. O magistrado e um assessor suspeito de participar dos abusos (que não teve o nome divulgado) foram afastados preventivamente por 60 dias, a partir de 30 de junho, depois que o caso chegou à Corregedoria do tribunal.

Sete mulheres denunciaram o juiz por desvios de conduta. Uma delas disse que o juiz usava livros para agredir mulheres. Tenho medo dele me agredir, tenho medo dele , relatou à TV Record. De acordo com a rádio Itatiaia (MG), uma estagiária relatou que Aguiar tinha o costume de jogar livros nas jovens. Já uma ex-estagiária diz ter sido ví­tima de uma gravata e que o magistrado teria dito que a partir do momento que você entra aqui a sua alma é minha .

Uma estagiária teria cortado a boca por conta da pancada com um livro. Ao reclamar com o juiz ele, então, teria respondido: se eu te bater você vai apaixonar, você não sabe o que eu já fiz com uma estagiária nessa mesa . A mesma estagiária contou à rádio Itatiaia que o magistrado a chamava por termos humilhantes, como cabeça de bagre , e teria dito frases como mulher serve para ficar atrás do fogão e iguais a você eu acho várias, até melhores .

Uma das denunciantes afirmou à Record ter levado um tapa no rosto do juiz, que teria dito que só não bateria de novo nela para que ela não gamasse . Outra disse que as ví­timas eram trancadas pelo magistrado em um corredor quando o desagradavam e não podiam sair. Em dos relatos, a mulher disse que foi amarrada a uma cadeira por um assessor de Aguiar. Ao se queixar, ela ouviu do juiz que o colega tinha feito pouco, que devia ter me amordaçado também .

Eu sou teu Deus

Em depoimento à Corregedoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), a assistente terceirizada W (fictí­cio) conta que, ao chegar à Comarca como estagiária, passou pelo rito criado pelo juiz.  Ele troca o seu nome, coloca um nome que ele acha que você parece que chama, e menciona que a partir daquele momento sua alma vai ser vendida para um determinado demônio. Nisso a gente senta na cadeira, ele colocava gravata, uma fralda na cabeça e dava a gente bolachas de arroz como se fosse corpo de Cristo. Depois dava suco de uva como se fosse sangue de Cristo.

Segundo a assistente, o estagiário mais velho auxiliava o juiz no batizado . Depois das bolachas e do suco de uva, a mulher teria sido obrigada a tomar óleo de copaí­ba. Ela alega que foi obrigada a ingerir tanto óleo que não conseguiu trabalhar no dia seguinte.

Ele começa a falar uma regras dele, que a partir daquele momento ele é o meu Deus e que eu devo fidelidade e obediência a ele, que não existe mais outra pessoa além dele, que eu não tenho que compactuar com nada de advogado ou outro juiz, que as pessoas falam mal dele, mas que ele é uma pessoa boa, e que eu devo fidelidade a ele, a frase que ele usa é ˜eu sou o teu Deus e você me servirá™.

500 metros de distância

Juí­zas e juí­zes corregedores tomaram depoimentos das ví­timas e recolheram provas, incluindo conversas de WhatsApp. A defesa de Aguiar afirmou à TV Record que todos os esclarecimentos serão apresentados durante a investigação do TJ-MG.

Além do afastamento, o juiz está proibido de entrar no fórum ou de chegar a menos de 500 metros das ví­timas. Em nota enviada à Record, o tribunal explicou que o caso corre sob sigilo e está na fase de apresentação de defesa pelo magistrado.

Sintrajufe/RS oferece suporte e apoio a colegas que sofrerem assédio no Judiciário Federal e no MPU no RS

O Sintrajufe/RS disponibiliza atendimento para as e os colegas que sofrerem assédio moral ou sexual; o enfrentamento dessas e de outras violências no trabalho é uma das prioridades da entidade. Além da participação de representantes da categoria nas comissões de combate ao assédio nos órgãos, o sindicato mantém atendimento interdisciplinar para esses casos. É importante a denúncia pelas ví­timas não só para a punição do assediador, mas também para que outras pessoas se sintam encorajadas a fazê-lo.


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Com informações de Universa UOL, Portal Gerais, Itatiaia e G1