No último sábado, 23, foi realizado o encontro de encerramento do ano do Grupo de Leitura Antirracista do Sintrajufe/RS. A atividade aconteceu em formato híbrido, online pela plataforma Zoom e presencial na sede do sindicato. O encontro teve como objetivo revisitar as obras lidas ao longo de 2024 e foi uma oportunidade para que os e as colegas que ainda não haviam participado de nenhum encontro pudessem conhecer o funcionamento do grupo, aprofundar conhecimentos e se engajar no fortalecimento da postura antirracista dentro do movimento sindical.
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Na primeira parte da manhã, o debate se deu em torno do livro “O Pacto da Branquitude” e teve a diretora do Sintrajufe/RS Arlene Barcelos como facilitadora. A necessidade de aprofundamento nas questões levantadas na obra se deu pelo intenso debate ocorrido na oportunidade em que o grupo, em 5 de agosto, tratou do livro.
Na abertura, foi apresentado o vídeo “SAC Quebrando: privilégio branco”, disponível AQUI, que serviu como apoio para a conversa. No vídeo, de uma forma bem humorada, a apresentadora Bielo Pereira responde a alguns questionamentos corriqueiros sobre privilégio branco, como “devo me sentir culpado por ser branco e ter privilégios?” e “mesmo quando a pessoa é pobre, ela deve se sentir privilegiada por ser branca?”, ilustrando precisamente o que Cida Bento, autora do livro, aborda. Em seguida, foram apresentadas as principais reflexões a partir da leitura da obra, comentadas pela secretária de Combate ao Racismo da CUT, Ísis Garcia, que é referência no tema da negritude e acompanhou o grupo ao longo de 2024.
Dentre os participantes de outros sindicatos, estavam Catia Cristina Silva Soares, aposentada do TRF5, na Bahia. A colega baiana havia tomado conhecimento do Grupo de Leitura Antirracista do Sintrajufe/RS no II Encontro de Pretos e Pretas da Fenajufe, ocorrido em outubro, em Brasília.
Após o intervalo, a atividade foi retomada com a apresentação musical da servidora da JT de Taquara e integrante da Banda Raizera Oficial Reggae, Chryssie Rodrigues, que cantou músicas autorais e canções conhecidas sobre a negritude. Encerrando a atividade, foram apresentados os principais pontos das demais obras lidas pelo grupo: cotas raciais, colorismo, violência policial, escravidão. A condução ficou a cargo da diretora do Sintrajufe/RS Camila Telles e da colega aposentada do TRF4 Lourdes Rosa, socióloga e escritora.
A diretora Arlene Barcellos explica que “a manhã de sábado foi o momento de fazermos a ligação entre as obras lidas. As leituras ao longo do semestre, seguidas de debates sobre o conteúdo das obras e sobre seus autores e autoras, nos leva a perceber os inúmeros desafios que a luta antirracista apresenta, a começar por reconhecer a existência do racismo e os privilégios da branquitude. É difícil? É, mas esse é o nosso papel, trazer um desassossego para que possamos avançar nas diversas formas de promover a reparação histórica às pessoas negras neste país”.
A diretora Camila Telles destaca, entusiasmada, a presença de inúmeros dirigentes do Sintrajufe/RS na atividade: além dela e Diogo Correia, que são negros, estiveram presentes Arlene Barcellos (facilitadora da primeira parte da reunião), Márcia Coelho (uma das organizadoras), Cristina Viana, Eduardo Felin e Fabrício Loguércio. Para ela, “desde a promulgação da lei nº 12.990/2014, que reserva vagas a pessoas negras no serviço público federal, discutir raça e privilégios é urgente, pois esses temas atravessam a nossa categoria cada vez mais. Precisamos, todas e todos, nos apropriar dele!”.
Avaliando a atividade, o diretor do Sintrajufe/RS Diogo Corrêa fez questão de agradecer “a cada um e cada uma que aceitou o convite para participar dessa verdadeira confraternização de conhecimento, esperando que possamos fazer florescer as ideias e inquietações para nossos círculos familiares e de amizades, furando bolhas, mesmo que isso seja considerado um pequeno movimento. Devemos estar cientes, também, que a formação antirracista é uma parte da mudança que queremos provocar e que ela está dentro de uma luta maior, que requer que nos juntemos aos demais movimentos sociais nas reivindicações históricas do povo negro, cobrando dignidade e igualdade de condições”.
Para Janaína Rypl, servidora da JT de Taquara, “a participação no grupo de leitura antirracista tem sido uma experiência de muito aprendizado. Destaco a obra de Cida Bento, “O pacto da branquitude”, que rendeu muitas reflexões e deveria ser leitura obrigatória. O encontro presencial na sede do nosso sindicato fechou o ano com chave de ouro. Que seja o primeiro de muitos encontros. Parabéns aos organizadores.”
O grupo retomará os encontros online em 2025, abrindo inscrições para novos integrantes. As informações serão divulgadas nos meios de comunicação do Sintrajufe/RS.
