SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DESMONTE DA EDUCAÇÃO

Universidades Federais têm mais de 11 mil cargos vagos; problema também afeta Judiciário Federal e só poderá ser resolvido com revogação do teto de gastos

Nota técnica do Ministério da Educação, enviada ao Ministério da Economia no final de maio, apresenta um quadro de terra arrasada no Ensino Superior. Conforme o documento, as universidades federais enfrentam um décifit de mais de 11 mil trabalhadores, entre professores e professoras, servidores e servidoras. Esse cenário de desmonte não afeta apenas a Educação: no Judiciário Federal, por exemplo, o déficit de servidores não para de crescer, problema causado pelas polí­ticas do governo de Jair Bolsonaro (PL) e pelo teto de gastos (emenda constitucional 95/2016), aprovado pelo governo de Michel Temer (MDB).

Conforme matéria do jornal O Estado de S. Paulo, nas universidades federais são 3.729 vagas não preenchidas de docentes e 7.273 de servidores. Muitas dessas vagas foram abertas para atender à demanda de graduações criadas na última década ou à expansão de cursos já existentes. Sem o provimento, aulas estão sendo suspensas, estudantes prejudicados e a educação pública e a pesquisa, prejudicadas. Até mesmo vagas para estudantes via vestibular estão sendo cortadas, impedindo, para muitos e muitas, o acesso ao Ensino Superior. O jornal ouviu dirigentes de oito federais em todas as regiões do paí­s, que relataram estar fazendo malabarismos para administrar os cursos.

A reportagem lembra que, além da falta de concursos e nomeações, as universidades têm sofrido com os sucessivos cortes orçamentários. No iní­cio do mês, o governo Bolsonaro anunciou o bloqueio de R$ 1,6 bilhão do Ministério da Educação, enquanto mantém pagamentos bilionários a banqueiros e recursos da mesma monta destinados ao orçamento secreto , emendas parlamentares sem qualquer transparência e que têm facilitado esquemas de corrupção.

Judiciário

O governo Bolsonaro vem desferindo reiterados ataques à Educação, tanto em declarações públicas quanto na aplicação de polí­ticas. Porém, além do claro desgosto dos atuais governantes com o setor, especialmente com o Ensino Superior, o problema é ainda maior: o desmonte dos serviços públicos é agenda prioritária para Bolsonaro e Paulo Guedes. E a emenda constitucional do teto de gastos embasa a efetivação dessa agenda.

O Judicário Federal também sofre com o desmonte. O TRT4, por exemplo, registrava, em 2021, necessidade de preenchimento de 429 cargos vagos. Esses problemas são efeitos diretos da emenda do teto de gastos, que a cada ano reduz a possibilidade de realização de concursos, nomeações e prejudica o acesso à Justiça. A emenda vem prejudicando a cada ano a realização de concursos, as nomeações e a melhora do acesso à Justiça. Por conta da EC 95, a Lei Orçamentária 2023 está prevendo redução de despesas com pessoal e aumento da precarização dos serviços públicos; e a previsão é que os gastos totais do governo caiam nos próximos três anos, reduzindo o tamanho do Estado.

Nesse contexto, é urgente a revogação da emenda constitucional 95. E isso só será possí­vel com a mobilização dos trabalhadores e com a consciência de que é necessário fortalecer os serviços públicos para garantir direitos à população. A EC 95 ampara o desmonte dos serviços públicos e prejudica não apenas servidores e servidoras, mas todos aqueles que precisam deles.