SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

ALERTA NA JT

TRT4 volta a pautar fechamento de varas a partir de resolução do CSJT; Sintrajufe/RS prepara campanha contra medida

O TRT4 enviou ao Sintrajufe/RS ofí­cio oferecendo ao sindicato prazo para que se manifeste sobre a possibilidade de fechamento de varas a partir de resolução do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT). No total, 9 varas do Rio Grande do Sul atendem aos critérios estabelecidos pelo CSJT que podem implicar em fechamento ou transformação de varas em postosno Brasil, são 69.

No dia 25 de junho de 2021, o CSJT publicou a resolução 296/2021. Em seu artigo 27, o texto aponta condições nas quais os tribunais regionais devem realizar adequação da jurisdição ou transferência de unidades . Veja abaixo a í­ntegra do artigo:


Por conta da resolução do CSJT, o TRT4 realizou o estudo pedido pelo Conselho e, no dia 10 de fevereiro de 2022, enviou ao Sintrajufe/RS ofí­cio com as informações e abrindo espaço para posicionamento do sindicato sobre o tema: Sendo de interesse dos representados por sua Entidade a matéria e dentro de um exercí­cio democrático, possibilitamos que apresentem manifestação sobre o tema, no prazo de quinze dias, para compor a resposta que o Tribunal oportunamente enviará ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho , diz o documento, assinado pelo presidente do tribunal, desembargador Francisco Rossal de Araújo.

A tabela enviada pelo tribunal ao Sintrajufe/RS inclui 9 varas trabalhistas que, conforme o TRT4, tiveram distribuição processual inferior a 50% da média de casos novos por vara nos últimos três anos.

Cidade População
Alegrete72.493 habitantes
Arroio Grande18,185 habitantes
Encantado23,047 habitantes
Lagoa Vermelha27,751 habitantes
Santa Vitória do Palmar29,483 habitantes
Santana do Livramento76,321 habitantes
Santiago49,360 habitantes
São Gabriel62.187 habitantes
Rosário do Sul39,314 habitantes
Dados obtidos por estimativas do IBGE

Todas essas varas, assim, estão imediatamente sob risco, embora o tribunal deva analisar caso a caso, podendo, inclusive, conforme o próprio CSJT, fundamentar a desnecessidade do plano .

Sindicato denunciará prejuí­zos à população e servidores

O Sintrajufe/RS irá manifestar-se contra o fechamento de qualquer vara trabalhista, por entender que medidas assim trariam prejuí­zo não apenas para a categoria, mas para o conjunto da população das localidades afetadas. Para servidores e servidoras, isso significa a incerteza sobre seus locais de trabalho e moradia e a possibilidade de ter que reorganizar toda sua vida por uma mudança indesejada. Para a população, significa maiores dificuldades para acessar a Justiça do Trabalho e, assim, para garantir seus direitos.

O Sintrajufe/RS irá fazer uma ampla campanha junto ao TRT4 e principalmente à sociedade defendendo a permanência das unidades atuais.

A resolução do CSJT e a ideia de fechamento de varas alinha-se com a emenda constitucional 95/2016, do teto de gastos, e com as demais medidas que vêm sendo tomadas pelo governo federal no sentido de estrangulamento dos serviços públicos e, no caso especí­fico, de ataque à Justiça do Trabalho. Rechaçar essa agenda é combater concretamente os efeitos da EC 95 e defender os serviços públicos.

Histórico

Tentativas de reestruturação da Justiça do Trabalho, com fechamento de varas, se estendem pelo menos desde 2009, quando o Sintrajufe/RS lutou contra essa possibilidade ainda na gestão do desembargador João Ghisleni Filho. Na ocasião, o presidente do TRT4 realizou audiências públicas para avaliar as repercussões e ouvir as comunidades das localidades onde varas poderiam virar postos. Foi realizado um processo democrático de consulta e percebeu-se grande contrariedade com o fechamento das varas, que representavam a presença do estado em muitos municí­pios, algo que ninguém gostaria de perder, desvalorizando as cidades e seus cidadãos. A lista de varas ameaçadas agora é muito semelhante à de 2009, quando nenhuma alteração acabou sendo concretizada.

Nova tentativa de reestruturação desse tipo foi feita mais recentemente, em 2019, na gestão da desembargadora Vania Cunha Mattos. Novamente a repercussão foi ruim, tanto na categoria quanto nas comunidades que seriam atingidas. A proposta foi apresentada sem discussão com a categoria, mas acabou rejeitada pelo órgão Especial do TRT4.

Em setembro de 2021, o TRT4 instituiu um grupo de trabalho (GT), com assento para o Sintrajufe/RS, para a elaboração de estudos sobre o tema por conta da resolução 216/2021 do CSJT, que também trata de distribuição, movimentação e lotação de servidores; distribuição de cargos em comissão e funções comissionadas; estabelecimento de uma estrutura mí­nima para as varas do Trabalho e para os gabinetes de desembargadores e desembargadoras; criação de uma uniformidade de atribuições para as Escolas Judiciais; e padronização na denominação de unidades da área judiciária e administrativa. Essa resolução do CSJT também foi combatida pelos sindicatos, mas acabou aprovada. Conforme a resolução, o prazo para a implementação das diretrizes do Conselho nos tribunais regionais é 31 de dezembro de 2022.