O Sintrajufe/RS participou, nessa terça-feira, 7, de ato público organizado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej) e pelo Comitê em Defesa do Serviço Público. A atividade era contra as terceirizações no serviço público e em solidariedade à presidente, do Sinsej, Jane Becker, ameaçada de morte na última semana após denúncia de trabalho em condições análogas às de escravidão em obra terceirizada pela Prefeitura de Joinville.
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A manifestação ocorreu em frente à prefeitura e contou com a presença de representantes de sindicatos e movimentos sociais. No ato, os presentes se posicionaram contra a proposta do prefeito Adriano Silva (Novo) de terceirizar as unidades de saúde, em especial a UPA Sul, que já tem empresas credenciadas para assumir a gestão do local. Os manifestantes também cobraram a responsabilização da prefeitura por não ter fiscalizado as obras do Centro de Bem-Estar Animal (CBEA), onde os funcionários de uma terceirizada trabalhavam em regime análogo à escravidão.
Depois da denúncia dessa situação pelo Sinje, Jane Becker foi ameaçada. Em sua fala na atividade dessa terça-feira, ela reforçou que segue em defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras. “Não vão calar uma mulher de luta”, disse. Os e as manifestantes também cobraram que o prefeito Adriano Silva seja responsabilizado caso alguma diretora ou diretor do sindicato seja atacado por conta das denúncias. Ao final do ato, o Comitê em Defesa do Serviço Público protocolou um manifesto no gabinete da prefeitura.
O diretor do Sintrajufe/RS Marcelo Carlini representou o sindicato na manifestação. Em sua fala, ele afirmou que o ataque que fizeram contra Jane é um ataque também aos demais sindicalistas e trabalhadores. “Eles tentam, com isso, constranger o Sinje Sindicato, impedir que fiscalize, impedir que ele cumpra o seu papel, que é de todos nós: denunciar em todo lugar e cobrar responsabilidade sobre a denúncia”. O dirigente falou sobre o caso ocorrido em Bento Gonçalves, onde 207 trabalhadores terceirizados das vinícolas Garibaldi, Salton e Aurora foram resgatados de condições análogas às de escravidão, situação que só foi denunciada porque três trabalhadores conseguiram fugir e denunciar.
“A questão que fica é: quantos outros milhares neste país estão nessa condição, sem que a gente saiba, sem que a gente denuncie, e que não têm um sindicato como o Sinje para denunciar.?”. Carlini afirmou que os trabalhadores e trabalhadoras não aceitarão ameaças e que o prefeito e o Estado são responsáveis pela segurança da sindicalista ameaçada e também por “apurar e punir aqueles que transformaram esses trabalhadores nessa condição”.
Em todo o país, 69 varas trabalhistas estão ameaçadas de fechamento e que há 1.550 vagas de fiscal do trabalho sem preenchimento, o que “é sinal verde para quem quer explorar ainda mais os trabalhadores”. Conforme o dirigente, essa situação é “herança da emenda constitucional 95/2016, que proíbe fazer concurso público; é herança da reforma trabalhista, que liberou a terceirização ilimitada da atividade-fim; e é herança da política do governo Bolsonaro”. Por fim, Carlini alertou que a reforma administrativa, que acaba com concursos e com a estabilidade de servidores e servidoras, ainda é uma ameaça e que, portanto, é preciso “enterrar de vez” essa proposta.