A campanha de outdoors “Senhor da Morte Chefiando o País” está de volta às ruas do Grande Recife. São 30 cartazes, reproduzindo as mesmas peças lançadas em agosto do ano passado, quando o país ainda contabilizava 120 mil mortes pela pandemia do novo coronavírus. Hoje, são mais de 375 mil vidas perdidas para a Covid-19.
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Por causa dessa campanha, a atual vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), professora Erika Suruagy, foi alvo de um inquérito aberto pela Polícia Federal por, supostamente, atentar contra a honra do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL).
A pedido do Ministério Público Federal, o juiz da 15ª Vara Federal de Brasília, Francisco Codevila, arquivou um inquérito, aberto após um pedido do então ministro da Justiça, André Mendonça, que encaminhou uma solicitação do próprio presidente Jair Bolsonaro, acusando os responsáveis pelo outdoor de terem cometido crime contra a honra.
A procuradora Melina Castro Montoya Flores pediu o arquivamento da investigação, apontando que o outdoor tinha objetivo de manifestar a crítica política contra o presidente, permitida pela Constituição. “Destarte, a crítica – ainda que veemente, ácida, irônica e até injusta – aos governantes, às instituições públicas e à ordem social figura no núcleo essencial da liberdade de expressão, correspondendo à sua esfera mais intensamente protegida, de maneira que a criminalização de manifestações, ainda que duras, dirigidas contra elevadas autoridades, como o Presidente da República, revela-se incompatível com a Constituição da República”, escreveu a procuradora.
Perseguição tem sido comum no governo Bolsonaro
Assim como o caso da professora Erika, que na época era presidente da Aduferpe, vários sindicalistas, professores, artistas, intelectuais estão vivendo uma forte onda de perseguição, inclusive sendo enquadrados na Lei de Segurança Nacional (LSN). O caso de Erika agora se encontra no Ministério Público aguardando decisão. Até o momento, o Ministério da Justiça não se manifestou sobre o assunto.
A atual presidente da Aduferpe, professora Nicole Pontes, considera essencial reforçar e replicar a campanha: ‘O aumento diário do número de mortos, em todo o Brasil, é resultado direto da inépcia desse governo. Não calarão as nossas vozes – vamos continuar denunciando essa tragédia’, afirma.
Com grande repercussão em todo país, o caso de Pernambuco motivou outras entidades a instalarem outdoors. Foi o caso da União Nacional de Estudantes (UNE), que está em campanha arrecadando contribuições e instalado novas peças em várias capitais e municípios do país.
Além da Aduferpe, assinam o outdoor dessa nova campanha em Recife as seguintes entidades: CUT, UNE, CSP-Conlutas, Andes, CNTE, entre outras. Erika Suruagy recebeu mais de 120 manifestações de solidariedade, vindas de todo o país e do exterior.
Editado por Sintrajufe/RS; fonte: CUT Brasil