SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DESTAQUE

Milhares de pessoas protestam e pedem justiça por Beto, assassinado em um supermercado Carrefour de Porto Alegre

No final da tarde de sexta-feira, 20, Dia da Consciência Negra, milhares de pessoas participaram de um protesto em frente ao supermercado Carrefour, no bairro Passo D™Areia, em Porto Alegre. No dia anterior, João Alberto Silveira Freitas, o Beto, 40 anos, havia sido assassinado por seguranças do estabelecimento. Ele era casado e tinha quatro filhos.

A manifestação foi convocada por entidades e coletivos ligados ao movimento negro e também teve a presença de moradores da região, da torcida do Clube São José, time de coração de Beto, de partidos polí­ticos e entidades sindicais, como o Sintrajufe/RS. Boa parte das pessoas presentes eram jovens negros, os maiores alvos da violência no Brasil.

A morte de Beto, um homem negro que foi espancado e morreu por asfixia, causou revolta em todo o paí­s. Menos de 12 horas depois do crime, a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Polí­cia, responsável pela investigação, afirmou que não se tratava de racismo. Ela não disse como chegou à conclusão, uma vez que também disse que faltava entender o motivo que levou ao homicí­dio. Fica a pergunta: o mesmo teria acontecido com um cliente branco?

De acordo com o Atlas da Violência 2020, de 2008 a 2018, os homicí­dios de pessoas negras aumentaram 11,5%; no mesmo perí­odo, a taxa entre não negros (brancos, amarelos e indí­genas) fez o caminho inverso, apresentando queda de 12,9%. Os números deixam transparecer o racismo estrutural no paí­s. “Um elemento central para a gente entender a violência letal no Brasil é a desigualdade racial. Se alguém tem alguma dúvida sobre o racismo no paí­s, é só olhar os números da violência porque traduzem muito bem o racismo nosso de cada dia”, diz a diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno.

No iní­cio da noite, a área próxima ao Carrefour virou uma zona de conflito. Manifestantes queriam entrar no supermercado, que ficou fechado durante todo o dia. A Brigada Militar utilizou bombas de gás e balas de borracha para dispersar a manifestação.

O assassinato também provocou protestos em outras lojas Carrefour no paí­s. Houve manifestações em unidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.