SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

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FMI e Banco Mundial projetam aumento da desigualdade entre países ricos e pobres devido à covid-19

Quando o novo coronavírus começou a se alastrar pelo mundo, a sensação de que qualquer pessoa poderia ser atingida igualmente parecia consenso. A realidade, no entanto, tem se mostrado diferente. Países com capacidade de ampla testagem e bons sistemas de saúde têm se saído melhor do que os outros. As discrepâncias entre a população infectada também merecem atenção: em Nova York, o vírus é duas vezes mais mortal entre negros e latinos, na comparação com brancos, pelas diferenças estruturais de acesso à saúde na sociedade norte-americana.

Países como Uganda têm uma UTI para cada 1 milhão de habitantes, e metade dos países de baixa renda não possui dados que permitam aos pesquisadores saber a real situação do sistema de saúde local.

Como resultado dessas diferenças, dados recentes de organismos internacionais têm alertado que a pandemia pode aprofundar o desequilíbrio entre nações ricas e nações pobres. Outra consequência será o aumento da extrema pobreza, na primeira alta global do índice desde 1998.

Pandemia do novo coronavirus

As projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que países ricos estão investindo mais do que os emergentes e os pobres nas respostas ao novo coronavírus. Enquanto os sete países mais industrializados do mundo investem quase 6% do PIB nos planos de estímulo, os integrantes do G-20, que inclui emergentes como o Brasil, investem em média 3,5%.

Só nos EUA, o pacote do governo Trump para manter a economia aquecida chega a 2 trilhões de dólares – o equivalente a mais de R$ 11 trilhões –, ou 10% do PIB. No Japão, o socorro anunciado no início do mês equivale a 20% da economia do país. Já no Brasil, o FMI estima a resposta em apenas 2,9% do PIB, similar à da Malásia (2,8% do PIB).

Pobreza mundial

O Banco Mundial (Bird) prevê que a tendência de redução da pobreza mundial, registrada nos últimos cinco anos, vai se reverter em 2020. A estimativa é que, na comparação com 2019, de 40 milhões a 60 milhões de pessoas passem a engrossar o contingente dos que vivem em condições de extrema pobreza – o equivalente a menos de 1,90 dólar por dia. E a tendência é de que isso se acentue nos lugares que já são os mais afetados. “A crise vai ter impacto desproporcional nos pobres, através da perda de emprego, alta nos preços e disrupções severas na educação e sistema de saúde”, diz o banco.

Estudo do International Food Policy Research Institute mostra que, com o recuo de 1% da atividade mundial – mais otimista do que as projeções recentes de queda de 3% na economia global –, o número de pessoas vivendo na pobreza extrema poderia crescer até 3%. A pesquisa aponta ainda que, em termos absolutos, o maior impacto seria na África Subsaariana, que concentraria quase metade da extrema pobreza mundial.

Fonte: Estadão