No momento em que o Brasil atravessa o período com maior registro de mortes diárias em decorrência da Covid-19 e que, em todo o país, hospitais e postos de atendimento passam por superlotação e falta de medicamentos para tratamento da doença, uma das perguntas mais recorrentes é Minha vacina chega quando? . E esse foi o tema da live realizada no final da tarde dessa quinta-feira, 25, pelo Sintrajufe/RS.
A live contou com a participação de um médico e uma médica com experiência em saúde pública. O médico e professor da USP Gonzalo Vecina Neto foi fundador e ex-presidente da Anvisa, um dos idealizadores do SUS e também exerceu os cargos de secretário municipal da Saúde de São Paulo e secretário nacional da Vigilância Sanitária. A outra debatedora foi a médica infectologista, diretora do Sindicato dos Médicos de SP e da CUT/SP, Juliana Salles. O mediador foi o médico especialista em saúde pública e integrante da assessoria de saúde do Sintrajufe/RS, Geraldo de Azevedo e Souza Filho.
Governo precisa garantir renda e vacina
Notícias Relacionadas
Minha vacina chega quando? É uma pergunta importante e pode significar a vida ou a morte de brasileiros e brasileiros, afirmou a diretora do Sintrajufe/RS Mara Weber em sua fala de apresentação da live. A dirigente destacou o momento dramático, em que o país chega a 250 mil óbitos, aumento de internações e contágios e que, respondendo por 3% da população mundial, registra 10% dos óbitos por Covid-19 no planeta.
Como chegamos a isso, tendo um sistema de saúde, o SUS, que tem excelência em vacinas, manipula mais de 300 milhões de doses por ano e instituições como Fiocruz e Butantan? Mara destacou que a responsabilidade pela atual situação e por sair dela passa pelo governo federal e pelas comissões de estados e municípios, que devem buscar uma saída séria, que garanta renda para os setores mais atingidos pela pandemia, que já vinham sofrendo com a crise econômica e o desemprego anterior à disseminação do novo coronavírus.
O governo Bolsonaro debochou da pandemia e protelou medidas para seu enfrentamento, afirmou a dirigente. No entanto, as entidades públicas, que Bolsonaro disse que não serviam para nada, estão na linha de frente no combate à pandemia , ressaltou. A diretora do Sintrajufe/RS ressaltou que, neste momento, em que grande parte da classe trabalhadora está sem renda, sem emprego e com dificuldade para fazer isolamento, o presidente, os governadores e o parlamento, em vez de discutirem medidas de garantia de renda, emprego e vacina, estão por aprovar a PEC 186/19, que a pressão de servidores e servidoras conseguiu adiar. A PEC Emergencial prevê retirada de dinheiro da saúde e da educação e, junto com a reforma administrativa, destrói a rede de proteção social.
Para o médico Geraldo de Azevedo e Souza Filho, a compra de vacinas pela iniciativa privada é muito grave. Para ele, a solidariedade, neste momento, é muito importante, e compra privada abre a porta para o egoísmo e é eticamente inaceitável que pessoas queiram furar a fila, que sejam vacinadas antes dos grupos prioritários definidos internacionalmente. O médico ressaltou, ainda, que o SUS tem capilaridade, ou seja, está presente em todos os municípios do país, e vasta experiência em promover campanhas de vacinação.
O médico Gonzalo Vecina e a médica Juliana Salles falaram sobre diversas questões, como grupos prioritários, formas de controle da pandemia (quando o vírus para de circular), novas variantes do coronavírus, falta de estrutura nos hospitais. Na próxima semana, o Sintrajufe/RS divulgará notícias específicas sobre como abordaram esses assuntos. Acompanhe.
Diversas entidades participaram, com retransmissão da live em seus canais de comunicação: Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (Fenajufe); Federação do Judiciário nos Estados (Fenajud); sindicatos de base do Judiciário Federal: Sisejufe/RJ, Sintrajusc/SC, Sindiquinze/SP, Sindjuf/PA-AP, Sintrajuf/PE; sindicatos de base dos Judiciários Estaduais: Sindjus/RS, SinjuSC, Sindijus/PR; CUT/RS; CUT Regional Centro RS (Santa Maria e região); Associação dos Servidores da Universidade Federal de Santa Maria (AssufSM); e Sindicato dos Químicos de SP.