SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DESTAQUE

Em reunião com mais de 50 colegas, Sintrajufe/RS discute situação do pagamento de GAE e VPNI a oficiais e oficialas de justiça

No final da tarde dessa quinta-feira, 28, o Sintrajufe/RS realizou uma reunião ampliada, online, do Núcleo de Oficiais de Justiça. Na pauta, a situação do pagamento da Gratificação por Atividade Externa (GAE) e Vantagem Pessoal Nominalmente Identificável (VPNI, quintos e décimos). Mais de 50 colegas da ativa e aposentados participaram, diretamente de pelo menos 15 cidades: Cachoeirinha, Camaquã, Canoas, Carazinho, Caxias do Sul, Estrela, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Santa Cruz, Santa Maria, Santiago, Santo í‚ngelo e Taquara registraram presença.

Na abertura da reunião, o diretor do Sintrajufe/RS Zé Oliveira abriu um parêntese na pauta para lembrar que o sindicato tem buscado, frente à pandemia do novo coronaví­rus e à necessidade de isolamento social para proteger a vida, ampliar ao máximo junto aos tribunais a manutenção da priorização do teletrabalho. Especificamente para oficiais e oficialas de justiça, a intenção é seguir com chamados apenas para questões emergenciais e garantir toda a estrutura de proteção para esses trabalhadores e trabalhadoras.

Pagamentos acumulados de GAE e VPNI

A diretora Clarice Camargo fez uma breve recuperação do histórico referente ao pagamento de GAE e VPNI. Ela lembrou que se trata de uma questão iniciada em 2016, com uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) referente a poucos servidores quando da análise de suas aposentadorias  e que, como, com o acúmulo de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho da Justiça Federal (CJF), vem atingindo o conjunto dos oficiais de justiça atualmente, tanto aposentados como os em atividade.

Conforme o TCU, há indí­cios de irregularidade no recebimento, ao mesmo tempo, de GAE e VPNI. Neste momento, o tribunal está chamando os oficiais para avaliação de caso a caso junto aos respectivos tribunais. Esse processo de intimação ainda não teve iní­cio no TRF4, mas pode começar a qualquer momento. Os tribunais foram instados a se manifestar sobre a situação de cada oficial, dando direito a cada servidor de se manifestar com relação ao seu caso.

Os advogados Felipe Neri da Silveira e Carlos Guedes, do escritório de advocacia Silveira, Martins e Hübner Advogados, que presta assessoria jurí­dica ao Sintrajufe/RS, participaram da reunião, explicando pormenores e esclarecendo dúvidas dos colegas. O parecer do escritório é de que o entendimento do TCU pode ser discutidoo tribunal entende que as duas parcelas têm a mesma origem e, portanto, não podem ser recebidas ao mesmo tempo. Neri da Silveira e Carlos Guedes explicaram que o TCU diz que não é possí­vel pagar ambas as parcelas porque a VPNI tem natureza de função comissionada, e a GAE não pode ser paga juntamente com função comissionada; mas também aponta que a VPNI é uma gratificação de desempenho “disfarçada”, que também não poderia ser paga juntamente com a GAE, porque tem a mesma natureza. Assim, conforme os advogados, um fundamento anula o outro, motivo pelo qual haveria possibilidade concreta de reversão da decisão que estabelece a verificação de situação jurí­dica consolidada há muitos anos para os oficiais de justiça.

O problema, definem, são as decisões posteriores do STF, que acabaram por modificar o panorama legal. Ao mesmo tempo, destacam os advogados, o panorama polí­tico é preocupante, já que o TCU tem desencavado questões relativas aos servidores e mantido tendência de retirada de direitos. O diretor Zé Oliveira concordou: o TCU está fazendo um pente fino e tentando ver onde retirar parcelas salariais dos servidores públicos. A gente faz o debate jurí­dico, mas se trata de mais do que isso , destacou.

Defesa

Segundo os advogados, a defesa está sendo construí­da com a ideia de buscar um mí­nimo denominador comum, que atenda a maioria dos oficiais, mas sabendo-se que haverá situações especí­ficas e situações de resposta em bloco que deverão ser tratadas dessa forma. Na reunião, foram discutidos os enfoques das defesas, tanto para a defesa de cada caso quanto para a coletiva, debatendo-se estratégias para contrapor o entendimento do TCU.

Ao mesmo tempo, é possí­vel que os servidores sejam instados a optar entre uma das parcelas, o que também não interessa aos oficiais e às oficialas, bem como a possibilidade de absorção de parcela em reajustes salariais. Assim, a defesa será pela manutenção do pagamento concomitante para todos e todas. O diretor Zé Oliveira lembrou que em assembleia geral, no dia 1º de fevereiro, foi aprovada autorização para ingresso com ação coletiva para garantir o pagamento concomitante.

O que fazer se receber intimação?

O Tribunal de Contas da União já solicitou aos órgãos da administração de todo o paí­s que coletem os casos considerados ilegais e apresentem um levantamento massificado das situações. Assim, as administrações estão intimando os servidores e as servidoras para que se manifestem sobre suas situações individuais. O TRF4 ainda não o fez, mas irá aplicar o pedido do TCU e, conforme avaliação do escritório de advocacia e da direção do Sintrajufe/RS, poderá solicitar que os servidores optem entre uma parcela e outra. De qualquer forma, os advogados explicaram que ainda é uma situação muito nova, inicial, e que deverá gerar um ciclo de recursos administrativos se houver decisão mandando excluir uma das parcelas.

Diversos colegas perguntaram sobre o que fazer quando receberem as intimações do tribunal. A diretora Clarice Camargo orientou que contatem o sindicato, explicando que haverá prazo de 30 dias depois da intimação de cada oficial/oficiala para resposta, motivo pelo qual esse contato deve ser feito, imediatamente, pelo e-mail [email protected], e repassem o próprio documento de notificação (se houver) e a data da intimação

Atuação nacional e polí­tica

Alguns colegas e diretores apontaram a necessidade de atuação nacional, via Fenajufe e Fenassojaf, junto ao STF e aos conselhos federais. O diretor do Sintrajufe/RS Ramiro López, também dirigente da Fenajufe, reforçou esse ponto de vista, destacando a importância de atuação não apenas jurí­dica, mas também polí­tica. Nesse sentido, defendeu, começar pelas defesas locais pode ajudar na construção de um cenário polí­tico mais favorável nacionalmente, no Supremo. Assim, Ramiro explicou que a intenção é trabalhar na perspectiva jurí­dica e também na perspectiva polí­tica, para que a jurí­dica possa tramitar de forma mais favorável , construindo a tese jurí­dica da melhor forma possí­vel e aguardando o momento polí­tico mais propí­cio para acioná-la nacionalmente.

Também participaram da reunião as diretoras do Sintrajufe/RS Arlene Barcellos e Cristina Viana e os diretores Marcelo Carlini e Mario Marques, os oficiais de justiça Marcelo Ortiz, presidente da Assojaf/RS; e Eduardo Virtuoso, diretor jurí­dico da Fenassojaf.