SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

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Eduardo Leite e entidades empresariais constroem verdadeira campanha pela redução de salários dos servidores públicos

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite(PSDB), segue sua cruzada contra os servidores públicos. Enquanto os í­ndices de avanço da pandemia do novo coronaví­rus não param de crescer no estado, Leite alia-se a dirigentes de entidades empresariais que querem usar os servidores públicos como bodes expiatórios da crise econômica e desviar, assim, a atenção do desastre da polí­tica de distanciamento controlado baseado nas bandeiras que mudam de cor dependendo da pressão recebida.

Em declaração à Globo News há alguns dias, Leite defendeu, mais uma vez, a redução dos salários dos servidores públicos estaduais. O governador argumentou que todos estão no mesmo barco e que não é razoável que haja uma categoria blindada dos efeitos dessa crise . E completou: “Acho que o Congresso precisa discutir, dentro das propostas de emenda constitucional que estão tramitando, para que se viabilize a constitucionalidade dessa redução salarial dos servidores públicos .

No final do mês passado, Leite, juntamente com o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB), lamentou decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou inválido o dispositivo da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que permite a redução salarial de servidores e servidoras para que estados e municí­pios adequem as contas às exigências da LRF. Leite e Marchezan se unem a Jair Bolsonaro (sem partido), Paulo Guedes e Rodrigo Maia (DEM-RJ) e aos setores mais ricos da sociedade, grandes empresários e especuladores, para colocar a crise econômica na conta dos servidores e aproveitar o momento para fazer avançar seu projeto de desmonte dos serviços públicos oferecidos à população.

Nessa terça-feira, o presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, Ivanir Gasparin, foi no mesmo sentido. O empresário disse que o setor público, por meio de seus servidores, precisa fazer a sua parte , contribuindo com a permissão de uma redução de salário, já que estão trabalhando em casa e recebendo integralmente . O presidente da CIC também criticou a decisão do STF já lamentada por Leite e Marchezan. Conforme Gasparin, enquanto o funcionalismo público não tem descontos no salário, os empresários realizam uma força fora do normal para abrir as portas de seu negócio com extrema dificuldade financeira . Sua explicação sobre isso, porém, promove a confusão entre o papel dos empresários e o dos trabalhadores: Todas as empresas de Caxias estão com uma redução salarial de seus colaboradores na ordem de 25% e até 50% , disse. Ou seja, para comprovar que os empresários estão fazendo uma força fora do normal , Gasparin usa como exemplo a redução do salário dos trabalhadores. Esses, sim, estão pagando a conta da crise, enquanto o grande empresariado recebe todo tipo de suporte do governo para manter os lucros em alta.

A receita do governo e dos empresários só gera mais crise  

No setor privado, o desemprego dispara2,6 milhões de brasileiros e brasileiras já pediram o seguro-desemprego durante a pandemiae os empresários são autorizados a demitir, confiscar salários ou suspender contratos. No setor público, trabalhadores e trabalhadoras, que já tiveram seus salários reduzidos pela reforma da previdência de Bolsonaro, seguem em atividade, em grande parte com cargas de trabalho iguais ou maiores do que antes, entregando à população os serviços que são fundamentais para que o paí­s continue funcionando e os direitos básicos sejam garantidos.

Ao invés de cobrar dos governos a ampliação do auxí­lio emergencial e medidas de estí­mulo ao consumo, grande parte dos empresários engrossa o coro da desregulamentação dos direitos trabalhistas e o do desmonte dos serviços públicos. Junto com Paulo Guedes e parte do Congresso apostam na ampliação da Carteira Verde Amarela com contratação por hora, sem Previdência Social ou Fundo de Garantia. Esta receita serve somente para aumentar ainda mais a desigualdade social no paí­s e aumentar a margem de lucro de parte dos empresários, porque a maior parte dos donos de pequenos e médios negócios irão padecer pela redução da massa salarial que circula mercado.

Com informações da Globo News e do Pioneiro.