Enquanto segue liberando recursos para os bancos, para militares e para o orçamento secreto e dando sinais positivos aos quinquênios endereçados à magistratura, Jair Bolsonaro (PL) voltou, nessa quinta-feira, 23, a utilizar-se de pretextos para tentar justificar a decisão de manter o congelamento salarial de servidores e servidoras. Afirmando que não adianta botar a faca no meu pescoço , ele culpou a pandemia, a crise hídrica e a guerra da Ucrânia pela política de reajuste zero que seu governo vem aplicando desde que assumiu, em janeiro de 2019quando não havia pandemia, crise hídrica ou guerra. Em declarações em vídeo registradas num canal bolsonarista, comparou as reivindicações dos servidores a um filho que o pai está desempregado pedindo uma bicicleta no Natal. Não tem. Por mais que ele mereça .
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A analogia de Bolsonaro poderia enganar os mais desatentos, não fosse o fato de que seu ministro da Economia, Paulo Guedes, já chamou seus “filhos” de parasitas e se orgulha de ter “colocado uma granada no bolso” de milhares de servidores públicos.
A apoiadores, em frente ao Palácio do Alvorada, Bolsonaro disse que os problemas na economia são a causa da falta de reposição: Alguns se revoltaram comigo: ˜Ah, não vai dar reajuste esse ano™. Pô, vê como é que está a economia. Me aponta onde tem dinheiro que eu dou agora o recurso. A solução é fazer greve, estão preparando. Bem, não adianta botar a faca no meu pescoço, não tem , afirmou. Em seguida, comparou os servidores e servidoras a um filho que pede mais do que o pai pode dar: É o filho que o pai está desempregado pedindo uma bicicleta no Natal. Não tem. Por mais que ele mereça , comparou.
Governo vem tentando confundir
A política de reajuste zero, porém, vem sendo aplicada desde o início do atual governo e, nos últimos meses, em meio à campanha salarial unificada do funcionalismo, tanto Bolsonaro quanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegaram a sinalizar, via imprensa, a possibilidade de conceder reajuste. O índice aventado, porém, sempre esteve abaixo das necessidades e reivindicações dos servidores e servidoras. Por issoe por não haver qualquer proposta concreta para a maioria das categoriasas mobilizações seguiram.
Agora, com o governo decidido e afirmando publicamente o zero , a luta e a pressão continuam e precisam ser reforçadas. O prazo para a aprovação de um projeto de revisão geral neste ano é 4 de julho, por conta do calendário eleitoral.
E aí ministro Fux? O STF também vai colocar a granada no bolso dos servidores e servidoras novamente?
Ao mesmo tempo, no Judiciário, a Fenajufe, o Sintrajufe/RS e os demais sindicatos que representam os servidores e servidoras buscam junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) a garantia de que a política do zero não será seguida. Já ficou demonstrado, em documento encaminhado à Casa Civil, que há espaço no orçamento do Judiciário para oferecer reposição aos servidores, mas o Supremo, em vez de encaminhar projeto de lei ao Congresso, está condicionando o índice de reposição da categoria à decisão do governo Bolsonaro para todo o funcionalismo. O STF já poderia ter enviado projeto ao Congresso, a exemplo do que fez o Tribunal de Contas da União (TCU), que apresentou à Câmara um projeto para a reposição de 13,5% para os servidores e as servidoras do órgão. Além da pressão sobre o governo federal, servidores e servidoras do Judiciário Federal estão também cobrando ações concretas do STF.
Sintrajufe/RS envia nova caravana a Brasília e prevê mobilizações em julho e agosto
Para seguir a pressão em Brasília juntamente com as demais entidades, o Sintrajufe/RS envia, na próxima semana, mais uma caravana à capital federal. As inscrições podem ser feitas até as 18h desta sexta-feira, 24. Veja AQUI todas as informações.
Além disso, em julho será realizadas atividades diversas (pressão por e-mail, envio de ofícios dos sindicatos pelo Brasil cobrando os ministros do STF) e assembleias para aprovação do estado de greve da categoria, com indicação de paralisação em 3 de agosto. Para essa data, está previsto um apagão do Judiciário e do Ministério Público da União, com indicativo de paralisação pela recomposição das perdas, com a cobrança para que STF e PGR enviem ao Congresso o orçamento de 2023 com a previsão da recomposição das perdas salariais, independentemente da concessão ou não de uma reposição emergencial no mês de julho.