SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DESTAQUE

Congresso aprova projeto que proí­be reajustes e concursos públicos nos estados em troca de renegociação de dí­vida

O Congresso aprovou, nesta semana, o projeto de lei complementar 101/20, conhecido como Plano Mansueto . O projeto, que agora irá a sanção de Jair Bolsonaro (sem partido), permite que estados e municí­pios renegociem suas dí­vidas com a União, desde que cumpram requisitos como a instituição de programas de privatização e a retirada de direitos de servidores públicos.

O governo Bolsonaro, o mercado financeiro e os grandes empresários estão frustrados por não terem conseguido aprovar propostas como a reforma administrativa e a PEC Emergencial ainda em 2020. Mas os ataques não param e, a partir dos estados e municí­pios, Bolsonaro, Paulo Guedes e seus apoiadores insistem em desmontar as polí­ticas públicas e os serviços oferecidos à população. Ao mesmo tempo, buscam condições para aprovar ainda no iní­cio de 2021 as propostas que ficaram represadas por suas dificuldades de articulação polí­tica.

O Plano Mansueto

No caso do Plano Mansueto, o objetivo é transferir para os demais entes federativos parte da pressão para desmontar os serviços públicos. O projeto permite a renegociação das dí­vidas de estados e municí­pios com a União, mas obriga que sejam adotadas, nesses ní­veis, algumas das medidas que Bolsonaro e Guedes querem também para o ní­vel federal.

Para aderirem ao Regime de Recuperação Fiscal do governo federal, estados e municí­pios (e o Distrito Federal) devem apresentar contrapartidas , sendo vedadas, entre outras, a concessão, a qualquer tí­tulo, de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de membros dos Poderes ou de órgãos, de servidores e empregados públicos; a criação de cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa; a alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; a admissão ou a contratação de pessoal; a realização de concurso público; e a criação, majoração, reajuste ou adequação de auxí­lios, vantagens, bônus, abonos, verbas de representação ou benefí­cios remuneratórios de qualquer natureza, inclusive indenizatória. Ao mesmo tempo, são apresentadas como contrapartidas medidas como redução de incentivos fiscais, realização de privatizações e criação de regime de previdência complementar.

Teto de gastos estadual é uma antecipação do plano federal

No Rio Grande do Sul, o Plano Mansueto fortalece o projeto do governador Eduardo Leite (PSDB) de instituir o teto de gastos estadual. A proposta aponta para a criação de Lei Complementar (que precisaria ser aprovada pela Assembleia Legislativa) que limitará os gastos públicos pelos próximos 10 anos a partir de 2021. Essa lei fixará limites individualizados para as despesas públicas correntes: em 2021, o limite será definido na Lei Orçamentária Anual. A partir daí­, o limite (a ser estabelecido também pelas leis orçamentárias anuais), não poderá ser superior ao valor do limite referente ao exercí­cio imediatamente anterior, corrigido pela variação do IPCA. Também fica vedada a ampliação do montante total vinculado a esses limites por meio de abertura de crédito suplementar ou especial. As limitações se aplicam apenas às despesas correntes, excluindo-se, por exemplo, as despesas vinculadas ou de natureza obrigatória, com as quais Paulo Guedes quer acabar. Caso os limites sejam ultrapassados, fica vedada a concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de membros dos Poderes ou de órgãos, de servidores e empregados públicos e de militares , assim como, a não ser que não haja aumento de despesa, ficam vedadas a criação de cargo, emprego ou função, alterações nas carreiras que impliquem aumento de despesa, admissão ou contratação de pessoal, realização de concurso público, criação ou majoração de auxí­lios, vantagens, bônus, abonos, verbas de representação ou benefí­cios, entre outras medidas.

Luta unitária do funcionalismo em 2021 deve prosseguir

O Sintrajufe/RS tem publicado regularmente informações sobre o funcionalismo estadual e municipal para demonstrar como se dá a onda de ataques aos servidores e serviços públicos nas três esferas. A luta unitária dos trabalhadores é a única resposta para derrotar a tentativa de aprovação de projetos que prevêem desde a redução salarial até o fim da estabilidade e dos concursos públicos. O próximo ano exigirá ainda mais mobilização.