SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

SEM OFICIALIZAÇÃO

Cargos secretos no Rio de Janeiro podem gerar gastos de R$ 615 milhões até o final do ano em contratações informais; fim dos concursos proposto pela reforma administrativa (PEC 32) é um libera geral

Na última semana, denúncias que ganharam repercussão na mí­dia deram conta de que cerca de 18 mil pessoas estão contratadas sem qualquer formalização no estado do Rio de Janeiro. As contratações eram feitas pelo Centro de Estudos e Pesquisas do Estado (Ceperj), com remuneração na boca do caixa, com ordem bancária, ou por meio de recibo de pagamento autônomo (RPA).

A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro aponta que essas contratações não era publicadas no Diário Oficial da União, motivo pelo qual estão sendo conhecidas como cargos secretos . Já foram gastos R$ 288 milhões com esses pagamentos e a projeção até o fim do ano seria de R$ 615 milhões. A Justiça, porém, determinou a suspensão dos pagamentos. Mas o governo já informou que os projetos para os quais essas pessoas são oficialmente contratadas não serão suspensos.

O Ceperj é o órgão de pesquisas do estado, que passou a contratar mão de obra em projetos de outras pastas, como o Esporte Presente. Há suspeita de funcionários fantasmas e de uso eleitoral. Na prática, algumas dessas pessoas trabalhariam como cabos eleitorais, conforme a denúncia do MPRJ, detalhada em reportagem do portal G1. A prática de rachadinha , com devolução de parte dos salários às pessoas que contratam os ocupantes dos cargos secretos também seria comum. Há ainda a denúncia de acumulação de cargos públicos “ dois funcionários efetivos do governo receberam pagamentos do Ceperj “, o que é proibido.

Reforma administrativa pode criar terra de ninguém

Das terceirizações aos contratos temporários, a reforma administrativa (PEC 32/2020) que segue aguardando apreciação na Câmara dos Deputados abre as portas para a ampliação de formas criativas de contratação nos serviços públicos, sem concurso. Casos como o dos cargos secretos ou como as inúmeras denúncias de corrupção via Organizações Sociais (OS™s), contratadas para terceirizar e privatizar os serviços públicos, tendem a ser cada vez mais recorrentes se a PEC, uma das prioridades de Bolsonaro e Paulo Guedes para um possí­vel segundo mandato, seja aprovada.

Até aqui, a mobilização dos servidores e das servidoras impediu a aprovação da proposta. Em 2021, foram diversas manifestações e atividades unificadas do funcionalismo em todo o Brasil para enfrentar a PEC 32. Essa luta pressionou o governo e os parlamentares e, ao menos por ora, derrotou a proposta. Mas o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), já falou na possibilidade de votar a reforma ainda em 2022. Por esse motivo, servidores e servidoras devem estar alertas e prontos para derrotar definitivamente esse ataque aos serviços públicos e aos direitos dos trabalhadores.