SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

PATRIMÔNIO PÚBLICO

Banrisul lucra R$ 391 milhões no primeiro semestre, mas está na mira da privatização

O Banrisul, o maior banco estadual do país, atingiu lucro líquido ajustado de R$ 391 milhões no primeiro semestre de 2022, mas se encontra mais uma vez na mira da privatização. “A diretoria do Banrisul, nomeada pelo ex-governador e agora candidato à reeleição Eduardo Leite (PSDB), é privatista de carteirinha. Ao invés de abrir concurso para contratar funcionários e preencher as vagas abertas, o assédio moral foi institucionalizado, através da cobrança de metas abusivas”, denuncia o diretor do SindBancários e vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis.

O lucro líquido de 391 milhões significa uma queda de 39,1% em relação ao mesmo período de 2021. No entanto, no segundo trimestre do ano, o crescimento chegou a 38,8%, quando passou de R$ 164,1 milhões no período imediatamente anterior para R$ 227,8 milhões, segundo análise da Subseção do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

De acordo com o relatório do banco, o resultado reflete: “(i) redução da margem financeira, (ii) crescimento de outras despesas operacionais, líquidas de outras receitas, (iii) crescimento das despesas administrativas, (iv) maior fluxo de despesas de provisão para perdas de crédito, (v) aumento das receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias, e (vi) menor volume de tributos sobre o lucro”.

No final do primeiro semestre de 2022, o banco público contava com um quadro de 8.789 empregados, após o fechamento de 367 postos de trabalho em 12 meses. No mesmo período, a rede de agências do banco foi reduzida em quatro unidades e foram fechados 26 postos de atendimento bancários e eletrônicos.

Luta em defesa do Banrisul público

Em 4 de maio, quando exercia mandato de vereador de Porto Alegre, Gimenis, que é suplente do PT, obteve a aprovação de uma moção em defesa do Banrisul público. O dirigente sindical lembra que Eduardo Leite mentiu na campanha ao Palácio Piratini, em 2018, quando se posicionou contra a privatização do Banrisul e da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). “Ele sabia que, se divulgasse abertamente sua opinião, poderia ter colocado sua eleição em risco.”

“Depois que a maioria da Assembleia Legislativa rasgou a Constituição Estadual do Rio Grande do Sul e aprovou a PEC 280, que acaba com o plebiscito para privatização do Banrisul, da Corsan e da Procergs (Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Rio Grande do Sul), o governo gaúcho não precisa mais consultar o povo para entregar o Banrisul para as garras da iniciativa privada, o que facilita a venda de um dos nossos maiores patrimônios”, critica Gimenis.

“O que querem fazer com o banco é o que fizeram com a CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), que hoje, a cada vez que chove, deixa centenas de trabalhadores sem energia elétrica”, alerta o dirigente.

No plebiscito popular sobre as privatizações, realizado entre 16 e 24 de outubro do ano passado, que teve a participação de 90.265 votantes, 95,23% se posicionaram contra as privatizações do Banrisul, da Corsan, da Procergs, do Banco do Brasil, da Petrobras, da Caixa, da Trensurb e da Carris, entre outras empresas públicas.

“Nós vamos vender tudo”, disse Onyx a empresários

Há outros candidatos a governador que são igualmente privatistas, como o ex-ministro de Bolsonaro e deputado federal Onyx Lorenzoni (PL). Já na década de 1990, ele defendia a privatização do Banco Meridional do Brasil, o segundo banco entregue aos banqueiros, em 1997, após longa resistência dos bancários e da sociedade gaúcha.

Em palestra para empresários em Caxias do Sul, em 27 de setembro de 2019, já como ministro, Onyx pregou a entrega total do patrimônio público. “Nós vamos vender tudo, devolvendo à sociedade brasileira o que é dela”, disse ao defender o programa de privatizações do governo Bolsonaro, conforme notícia do G1.

Para Gimenis, “quando o Estado vende uma empresa pública, ela deixa de pertencer à sociedade e vira uma empresa privada, cujos acionistas ficam com todo o lucro. A população apenas paga a conta com tarifas ainda mais caras e serviços geralmente precários”.

Em entrevista publicada na edição de 24, 25 e 26 de dezembro do ano passado do jornal Zero Hora, Eduardo Leite falou que “a privatização do Banrisul é inevitável”. Em contraponto, o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, afirma que “inevitável é escolhermos outro caminho para o Rio Grande do Sul. Precisamos votar muito bem para garantir o Banrisul público”. Para ele, a escolha de deputados e deputadas estaduais alinhados à defesa do banco vai ser também decisiva nas eleições deste ano.

Fonte: CUT RS