SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE

ÁGUA É DIREITO DE TODOS

Ato em defesa da água pública defende suspensão do leilão de privatização da Corsan; Sintrajufe/RS estava presente

O movimento “RS pela Água” levou mais de duas mil pessoas às ruas do Centro Histórico de Porto Alegre, na manhã dessa quinta-feira, 8, em protesto contra a política de entrega da Companha Riograndense de Saneamento (Corsan) e do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae). O Sintrajufe/RS participou da atividade, representado pelas diretoras Arlene Barcellos e Marli Da Campo Zandona.

O ato chamou a atenção do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre os riscos de privatização da Corsan e defendeu a suspensão do leilão marcado pelo governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) para o próximo dia 20 de dezembro, às vésperas do Natal.

“A privatização da água é a lógica do neoliberalismo; para dar lucro às empresas, vende-se uma estatal, construída com dinheiro do povo, pensada sob a concepção do cooperativismo”, diz a diretora Arlene Barcellos. Ela destaca que, com as privatizações, as empresas que investem somente onde há possibilidade de ganhos, ou seja, os investimentos não irão chegar a lugares menores e, se chegarem, serão a um custo alto à população, que irá pagar a conta. “Defender a Corsan pública é defender água e saneamento para todos e todas, é defender um Estado social que atenda de forma igualitária toda a população, é defender trabalhadoras e trabalhadores com amplo conhecimento e atuação para que água e saneamento cheguem aos lugares mais remotos do RS, é defender a saúde e a vida de gaúchas e gaúchos”, reforça da dirigente.


A diretora Marli Da Campo Zandoná avalia que “a atividade foi muito boa, muita gente de todo o estado defendendo a Corsan e o Dmae”. Ela explica que o que os governos chamam de concessão é na realidade uma privatização do fornecimento de água para a população, “é mais um desmonte do serviço público. O fornecimento de água tratada deve continuar público para garantir um serviço de qualidade e preço acessível a todos”.

O presidente do Sindiágua-RS, Arilson Wünsch, ressaltou que “mais uma vez estamos a aqui para mostrar que a sociedade quer a Corsan e o Dmae públicos e que a água não deve ser tratada como mercadoria”.

Além de trabalhadores e trabalhadoras da Corsan e do Dmae, participaram sindicatos e entidades representativas, movimentos sociais, deputados e vereadores. “Mais um ato histórico no Rio Grande do Sul em defesa da água pública no país”, destacou Arilson, agradecendo a presença de todos os manifestantes.

A mobilização foi chamada pelo Sindiágua-RS e pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), com apoio de centrais sindicais, e teve início às 9h30, no Largo Glênio Peres. A caminhada seguiu até o TCE, finalizando em frente à sede da Corsan, que fica no edifício do Banrisul, por volta das 12h.

Privatização desenfreada

O governo do estado anunciou, em 29 de novembro, o leilão da Corsan para o dia 20 de dezembro sem ter o aval do TCE. As entidades questionam a pressa do governo em privatizar e alertam o tribunal e a sociedade gaúcha sobre os riscos à população em caso de venda da Companhia. No dia 30, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), criou um grupo de trabalho para avaliar a privatização do Dmae, com prazo de até 30 dias para formular uma proposta de “parceirização”.

O Sindiágua-RS tem levado informações ao TCE referente aos números da Companhia, como os da cobertura de água e esgoto que a Corsan possui, além de dados técnicos que embasam os estudos feitos para barrar a privatização. De acordo com o diretor do sindicato Rogério Ferraz, os números legítimos são omitidos da sociedade, pois não condizem com a realidade da estatal.

“Temos a obrigação de mostrar aos órgãos competentes a falácia do governo do Estado, que desmoraliza o serviço da Companhia para atender um interesse pessoal. Fizemos um estudo de valores projetando o futuro da arrecadação de todos os contratos em vigor com os municípios, além do valor patrimonial da estatal que é superior ao valor absurdo de R$ 4,1 bilhões que a direção da Companhia apresentou”, destacou Ferraz, criticando o preço mínimo estipulado para a venda da Corsan.

Antes da caminhada, os funcionários e as funcionárias da Corsan deliberaram pelo estado de greve na assembleia convocada pelo Sindiágua-RS, realizada em frente à prefeitura. A plenária autorizou a Diretoria Executiva e os delegados sindicais a deliberarem pelo início da paralisação, caso o leilão não seja suspenso.

Fonte: CUT/RS