SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DESEMPREGO

Ao minimizar fome, presidente afirma que pobre está desempregado porque se “acostumou” a não ter profissão

Jair Bolsonaro (PL) voltou a minimizar o problema da fome, que aumentou em seu governo, e a desprezar o drama de trabalhadores e trabalhadoras que sofrem com as altas taxas de desemprego. No país, são 9,9 milhões de pessoas desempregadas, 39,3 milhões na informalidade, 13,1 milhões trabalhando na iniciativa privada sem carteira assinada e 25,9 milhões por conta própria.

A afirmação foi feita dia 21, em entrevista de Bolsonaro à emissora católica Rede Vida. Ele disse que a população brasileira pobre está “acostumada” a não aprender uma profissão. “São pessoas que foram, ao longo dos anos, acostumadas a não se preocupar ou o Estado negar uma forma de ela aprender uma profissão”, afirmou.

Em seguida, disse que não são todas as ocupações que necessitam de estudo: “Por exemplo, você quer vender uma carrocinha de cachorro-quente na praça. Você não tem que ter estudo para isso, com todo o respeito. Você tem que entrar com o pedido de alvará e a prefeitura conceder”.

O chefe de governo também voltou a dizer que o número de pessoas que passam fome no Brasil é superestimado: “Tem gente passando fome? Tem, mas não nesse número todo”. Entretanto, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 61,3 milhões de brasileiros lidaram com algum tipo de insegurança alimentar entre 2019 e 2021. Pelos números, praticamente um em cada três habitantes enfrentaram o problema.

Sobre a fome, Bolsonaro disse que “tirar as pessoas da linha da pobreza é um trabalho gigantesco”. Além disso, voltou a afirmar que o número de pessoas que passam fome no Brasil é superestimado.

No governo Bolsonaro, o Brasil atingiu a marca de 125 milhões de pessoas, mais da metade da população brasileira (212,6 mi), que não têm o que comer nas três refeições diárias necessárias. São 33,1 milhões passando fome todos os dias.

É o maior número de brasileiros com fome desde os anos 1990, quando órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outros, começaram a pesquisar a insegurança alimentar. Os dados são da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que “não é esse número todo” de pessoas que passam fome no país. Segundo o ele, quem vive abaixo da linha da pobreza pode recorrer ao Auxílio Brasil.

Bolsonaro talvez não saiba, mas em 12 capitais brasileiras, incluindo Brasília, a cesta básica custa mais do que o valor do Auxílio Brasil. Isso significa que milhares de pessoas no país não estão conseguindo comprar sequer o mínimo para ter as calorias necessárias e se alimentar três vezes por dia se dependerem apenas do benefício para sobreviver. Além disso, no Orçamento da União para 2023 enviado pelo governo ao Congresso, o valor previsto para o Auxílio Brasil no ano que vem é de R$ 405.

Fonte: CUT/RS, UOL e BNews