SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

VOTO TUTELADO

Além de atacar urnas eletrônicas, Bolsonaro agora quer militares filmando voto dos eleitores

Em entrevista à rádio Guaíba na terça-feira, 2, Jair Bolsonaro (PL) afirmou que as Forças Armadas apresentaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma proposta de filmar a votação de eleitores e eleitoras e, no final do dia das eleições, checar os dados. Além de querer tumultuar o processo eleitoral com críticas infundadas às urnas eletrônicas, o presidente e militares próximos a ele agora querem, também, criar confusão quanto ao voto secreto.

Bolsonaro afirmou que “não adianta verificar a urna como eles [o TSE] querem, uma semana antes”. Segundo o chefe do Executivo, é necessário que essa avaliação seja feita no dia da votação. “Podemos pegar seiscentas urnas e checar nesse dia. São quase quinhentas mil no Brasil. É uma boa amostragem. E como é que é feito esse teste? As pessoas vão votando e sabendo que estão sendo filmadas. ‘Olha, você vai ser filmado agora. Você quer votar aqui aleatoriamente em quem você quiser, independente da sua vontade, né’”, explicou.

De acordo com o presidente, o método serviria para que, ao final da votação, os militares fizessem a checagem de número de votos que determinado candidato teve, com base nas gravações. Bolsonaro reclamou que, até agora, o TSE não teria respondido a essa proposta.

A proposta é um passo além nas constantes manifestações do governo de colocar em dúvida a lisura do sistema eleitoral brasileiro. Agora, é apresentada uma proposta que compromete algo fundamental, a confidencialidade do voto.

A Constituição de 1988 estabelece as características do voto em cláusulas pétreas; ele deve ser direto, secreto, universal e periódico. O voto secreto foi instituído no Código Eleitoral de 1932. Antes disso, era comum o chamado voto de cabresto, quando o eleitor votava não de acordo com suas escolhas, mas por determinação de terceiros.

Ao sugerir que uma parte do eleitorado tenha o voto gravado, ou seja, que tenha quebrado seu sigilo, Bolsonaro propõe um retrocesso de mais de 90 anos no processo eleitoral brasileiro.

Fonte: Metrópoles, UOL e TSE