SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

DATA DE LUTA

25 de julho: Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é celebrado nesta segunda-feira, 25. A data foi criada para reconhecer a luta e a resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. Nesse dia, também, desde 2014, de acordo com a Lei Nº 12.987, de 2 de junho, foi instituído o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Quem foi Tereza de Benguela?

Tereza de Benguela (?-1170) liderou o Quilombo de Quaritetê, no Mato Grosso, após a morte do seu marido. Tereza instituiu normas para o funcionamento do quilombo e liderou a luta contra os portugueses. Em 1770, foi assassinada.

Mulheres negras lutadoras

A história da América Latina foi embranquecida quando foi escrita, mas sobram exemplos de mulheres negras lutadoras que deixaram sua marca no tempo em que viveram. Eis alguns exemplos:

  • María del Tránsito Sorroza (séc. XVII) – parteira, foi libertada em 1646 devido a sua competência profissional. Equador.
  • Tereza de Benguela (?-1770) – rainha do Quilombo de Quariterê. Brasil.
  • Cécile Fatiman (1791-?) – sacerdotisa vodu e ativista política. Haiti.
  • María Remedios del Valle (1776-1847) – capitã do exército. Argentina.
  • Victoria de Santa Cruz (1922-2014) – poeta, coreógrafa, desenhadora. Peru.
  • Epsy Campbell (1963) – vice-presidente da Costa Rica, desde 1º de abril de 2018. Costa Rica.
  • Gloria Rodríguez (1964) – 1.ª deputada negra no Uruguai.
  • Ely Meléndez – economista, consultora do BID, ativista feminista. Honduras.
  • Sandra Abd’Allah-Alvarez Ramírez (1973) – escritora e ensaísta. Cuba.
  • Dilia Palacios (1977) – ativista política. Guatemala.
  • Carolina Indriago (1980) – primeira miss Venezuela morena, apresentadora e modelo. Venezuela.
  • Mercedes Argudin Pacheco – feminista. Chile.
  • Betty Garcés (1986) – soprano. Colômbia.

Contexto de retrocessos

Dentro do contexto América-Latina e Caribe, os desafios para as mulheres negras tendem a aumentar. Depois de anos de lutas e algumas conquistas, estamos em vertiginoso retrocesso. Segundo o ranking do Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os piores países para se nascer mulher, e para a mulher negra essa situação se agrava, já que, em tempos de recessão econômica e social, a população negra, especialmente as mulheres, são as primeiras a sentirem os reflexos econômicos e sociais.

Com o agravamento da pobreza, da violência, do preconceito e de crimes de ódio, o alvo já vem historicamente marcado. Segundo o último anuário brasileiro de segurança pública, os crimes contra as mulheres seguem aumentando, sendo que os números de feminicídios de mulheres negras representam 62% e chegam a 70,7% quando se fala de demais mortes intencionais de mulheres. Sabemos que esses crimes são subnotificados e levanta-se a hipótese de que as autoridades policiais

enquadrem menos os homicídios de mulheres negras como feminicídios. É necessário que a luta antirracista e antimachista seja constante, porque a luta das mulheres negras é a luta pela descolonização da população brasileira.

Sopapo Poético

Para lembrar essa data, e celebrar o mês da mulher negra, teremos mais uma edição do Sopapo Poético com o tema Amanaãs, que acontece na terça-feira, 26, a partir das 19h30min, e traz como convidadas Ana Dos Santos, Carmen Lima, Delma Gonçalves, Fátima Farias, Lilian Rocha e Taiasmin Ohnmacht, que integram o coletivo de escritoras negras “As Amanaãs”. O sarau será realizado no Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues (saguão do Teatro Renascença), que fica na avenida Érico Veríssimo, 307, bairro Menino Deus, em Porto Alegre.

O sarau Sopapo Poético é promovido pela Associação Negra de Cultura (ANdC) desde 2012. A exemplo de outros saraus afrobrasileiros, o encontro evoca o protagonismo negro, em uma roda de atuações, reflexões e de convivências afrocentradas, reunindo artistas, pensadores e simpatizantes da cultura negra de resistência, sempre com entrada franca.

As Amanaãs

Formado por Ana Dos Santos, Carmen Lima, Delma Gonçalves, Fátima Farias, Lilian Rocha e Taiasmin Ohnmacht, o coletivo de escritoras negras “As Amanaãs” comemora um ano de lançamento do seu primeiro livro “Travessias de Amanaã”, publicado pela editora Libretos em julho de 2021. A obra reúne textos, poemas e reflexões das seis autoras negras, numa construção inspirada em suas vivências e trajetórias. No prefácio, a professora Rudiléia Neves reconhece nas autoras a escrita se fazendo tão necessária quanto o ato de respirar: “As seis escritoras, que também desempenham outras funções no dia a dia (não há uma só jornada para as mulheres) e que se entregam ao gozo – ou sofrimento? – do ato de escrever, neste livro falam do que e de quem precisa ser dito. Falam do que e de quem foi/é renegado. Falam do que e de quem foi/é esquecido. Falam de amor, de autoamor. Falam de alegrias e de dores”.