SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE

ENTREGADORES POR APLICATIVOS

11 horas diárias de trabalho sem folgas, férias ou aposentadoria: entregadores de APPs respondem com greve

Na sexta-feira, 16, cerca de 5 mil entregadores de aplicativos como iFood, Loggi e Rappi aderiram ao protesto e ao movimento grevista que iniciou em frente ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Na pauta, denúncias contra as péssimas condições de trabalho e renda.


Conforme reportagem publicada pela CUT, com a pandemia, a grande maioria trabalha sete dias da semana, boa parte mais do que 11 horas diárias, tirando muito pouco no final do mês. De acordo com dados apresentados na pesquisa “Condições de trabalho de entregadores via plataforma digital durante a Covid-19”, da Universidade de Campinas (Unicamp), é alarmante a exploração a que esses trabalhadores são submetidos.

Na avaliação da professora Paula Freitas, que atuou como pesquisadora do Grupo de Trabalho Digital da Rede de Estudos e Monitoramento Interdisciplinar da Reforma Trabalhista (GTTD/REMIR), a pandemia precipitou o uso de aplicativos em todo o mundo. No Brasil, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) não se mostrou à altura para tratar da crise, e o impacto negativo sobre esses trabalhadores foi muito grande.

“A pandemia contribuiu para mostrar rapidamente que este governo não deu certo. Aprofundamos os efeitos tão fortemente que de fato as pessoas ficaram sem alternativas de renda, mas elas precisam pagar as contas e acabam utilizando aquilo que está ao alcance da mão: o celular vinculado a uma internet móvel, a um algoritmo que manda na vida deles”, critica a pesquisadora.

Esta foi a quarta paralisação desses trabalhadores no período de um ano. Entre as reivindicações, estão a busca por melhores condições de trabalho, reajustes na taxa mínima de corrida e o pagamento padronizado por quilometragem, para fazer frente ao aumento dos combustíveis e da inflação.

Dados divulgados pela reportagem mostram que, antes da pandemia, 38,2% trabalhavam até oito horas por dia; 54,1% trabalhavam entre nove e 14 horas; e 7,8% trabalhavam mais que 15 horas diárias. Durante a pandemia, o número de entregadores trabalhando mais horas aumentou. 43,3% relataram trabalhar até oito horas por dia; e 56,7% mais de nove horas diárias. A distribuição foi de 18,5% nas faixas entre nove e 10 horas diárias; 19,3% nas faixas entre 11 e 12 horas; 11,48% entre 13 e 14 horas e 7,4% em 15 horas ou mais.

Comparando-se com a distribuição por faixa de tempo de trabalho, constatou-se que antes da Covid-19 mais de 57% trabalhavam acima das nove horas diárias, ampliando-se para 62% durante a pandemia.

Reforma Trabalhista aprofundou exploração

Para a pesquisadora, a exploração das empresas de aplicativos foi aprofundada com a reforma trabalhista do governo de Michel Temer (MDB-SP), que legalizou o “bico” com o trabalho intermitente, além de perdas de diversos direitos, e o governo Bolsonaro piorou a situação, com tentativas de retiradas de mais direitos. Segundo ela, a reforma trabalhista foi uma das maiores responsáveis pela precarização do trabalho, de maneira geral.

“O Brasil está assistindo a uma economia desestruturada, com desmantelamento da legislação trabalhista, diminuindo a proteção dos trabalhadores, justificando as retiradas de direitos como forma de impulsionar o quadro de empregos no país, mas isto se demonstrou falacioso”, diz.

Reportagem publicada pelo Sintrajufe/RS na sexta, 16, mostrou que alto índice de desemprego, o agravamento da crise econômica e a pandemia contribuíram para aumentar a exploração dos trabalhadores brasileiros, que estão se submetendo a jornadas mais longas em empresas de plataformas digitais, ganhando pouco e com um chefe invisível – o celular, o algoritmo – com quem não dá para discutir direitos, nem melhores condições de trabalho e renda. Acesse a íntegra da matéria aqui

Fonte: CUT e Extra Classe; Edição de Sintrajufe/RS