O Sintrajufe/RS participou, no último sábado, de protesto por justiça para o congolês Moí¯se Kabamgabe, assassinado no Rio de Janeiro. Como em várias cidades do Brasil e de outros países, a manifestação em Porto Alegre também exigiu o fim do racismo e do genocídio da população negra. Na capital gaúcha, a mobilização aconteceu no Parque Farroupilha, a Redenção.
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Moí¯se, um jovem trabalhador de 24 anos, foi espancado até a morte no dia 24 de janeiro após cobrar o pagamento de dois dias de serviços prestados no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ele vivia no Brasil com a mãe e os irmãos, todos refugiados políticos. A Justiça decretou a prisão de três acusados do crime.
A manifestação em Porto Alegre começou por volta das 10 horas e foi organizada por entidades do movimento negro e dos direitos humanos, além de associações de imigrantes e refugiados de países africanos e do Haiti, com apoio das centrais sindicais, sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda. Centenas de manifestantes ergueram bandeiras, faixas e cartazes, repudiando a barbárie do crime e clamando por justiça e contra o governo Bolsonaro, que estimula o ódio, a discriminação racial, as armas de fogo e a violência.
Durante o ato, além de representantes de movimentos, sindicatos e partidos, houve pronunciamentos de representantes de imigrantes de vários países africanos. Erick Lucela, do Congo, salientou que nós temos que aprender muito sobre o racismo no Brasil. De onde a gente veio, um lugar cheio de gente preta, aonde desde o presidente da República até a faxineira são pretos, a gente não passa pelo que a gente passa por aqui. Aprendemos uma forma de racismo, quando chegamos aqui, que está enraizada há séculos , alertou. Bamba Toure, do Senegal, disse que é vergonhoso o que aconteceu: Nossa ancestralidade constrói esse país há 400 anos. Construiu o patrimônio desse país. Hoje os netos deles vêm para buscar oportunidades, para ter trabalho digno, para sustentar suas famílias. Um irmão foi morto brutalmente, por pessoas que nos tiraram dos nossos continentes. Brasil é o segundo país com mais negros do mundo e sempre quem morre e sofre são negros , contou.
Para o diretor do Sintrajufe/RS Marcelo Carlini, que participou do ato, a barbarie que ele sofreu é o crime que milhões de negros, brasileiros e estrangeiros sofrem no Brasil. Um crime que se espalhou no país sob a égide do governo Bolsonaro . Ele reforça que Moí¯se foi vítima ainda da desregulamentação do trabalho na reforma trabalhista e que é preciso botar fim a esse governo. Só assim, nós vamos colocar fim ao racismo, à xenofobia e abrir um caminho para acabar com a exploração de toda a classe trabalhadora, branca e negra. Justiça para Moí¯se, chega de racismo, chega de xenofobia e fora Bolsonaro .
Conforme Paulo Guagdanin, também diretor do sindicato e presente ao protesto, no ato desse sábado o clima de indignação com o ocorrido só não era maior do que a disposição de luta dos presentes. O genocídio do povo negro é a expressão pública do racismo estrutural que alimenta e mantém as desigualdades sociais em nosso país. Por isso, o Sintrajufe, através de seus diretores e sindicalizados, esteve presente e continuará contribuindo com essa luta .
Zé Oliveira, diretor do Sintrajufe/RS que também esteve na atividade, aponta que o ato de sábado foi uma manifestação da indignação pelo assassinato de mais um negro neste país, o Moí¯se. Estivemos presentes no ato para levar nosso apoio e ouvir a fala de negros e negras, representantes de entidades, de associações do Senegal, de Angola, que representavam, nas suas palavras, toda a dor e indignação por esta dura realidade no Brasil. Além da ação de solidariedade, é importante, de fato, lutar contra o racismo, a xenofobia e para que fatos como o ocorrido no Rio de Janeiro não mais se repitam. Esta luta, mais do que palavras de apoio, é uma responsabilidade de todos e todas .
O diretor do Sintrajufe/RS Reginaldo Luhring destaca que a morte de Moí¯se Kabagambe tristemente assumiu um caráter emblemático de muitas das desgraças que nos assolam nestes anos de bolsonarismo, marcada pelo racismo, xenofobia, violência extremada, ódio social, precarização das relações de trabalho por uma reforma trabalhista que conduz a salários de fome e vínculos informais próximos da escravidão. O ato de sábado representou a necessidade de estreitarmos nossos vínculos de solidariedade de classe e de acentuarmos o protesto e a resistência a estas infâmias que nos assolam diariamente .
Com informações da CUT-RS.