O Sintrajufe/RS, representado pela diretora Cristina Viana, participou, nessa quarta-feira, 6, do 4º Seminário da Agroecologia, que teve como tema “Agroecologia produzindo alimentos saudáveis”. O evento foi produzido pela prefeitura de Nova Santa Rita. Também estavam presentes as assessoras Fabrine Paolin e Fernanda Pontes e Virgínia Dapper, médica do trabalho e toxicologista, integrante da assessoria de saúde do sindicato.
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Virgínia falou sobre o impacto dos agrotóxicos sobre a saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais e também sobre como a contaminação dos alimentos e da água afetam a saúde de toda a população. Foram mostradas pesquisas e evidências científicas que associam diversas patologias, como câncer, depressão, suicídio, malformações, alterações hormonais e imunológicas, com a exposição crônica aos agrotóxicos.
Especificamente em Nova Santa Rita, informou a médica, foram detectados 13 tipos diferentes de agrotóxicos (entre 2014 e 2017) em amostras de água; quatro deles estão associados a doenças crônicas. Virgínia também apresentou uma pesquisa realizada pelo Paraná, em 2012, que demonstra que cada 1 dólar gasto no campo dos agrotóxicos pode custar aos cofres públicos 1,28 dólar em futuros gastos com saúde de trabalhadoras e trabalhadores rurais intoxicados.

Projeto de Agroecologia do Sintrajufe/RS
Em setembro de 2021, o Sintrajufe/RS lançou o Projeto de Agroecologia, que tem, entre seus objetivos, possibilitar que o conjunto da categoria tenha acesso a informações, debates e espaços que contribuam para fortalecer uma visão crítica que se preocupe com questões relacionadas a alimentos e a modelos de produção e de sociedade. O sindicato firmou convênios com cooperativas para oferecer descontos aos sindicalizados e às sindicalizadas nas compras de alimentos orgânicos e de produtores e produtoras vinculados à agroecologia.
As políticas públicas de fomento à agroecologia foram enfraquecidas no governo Bolsonaro, em relação direta com o desmonte da legislação ambiental e a escassez de recursos públicos para a saúde, educação, ciência e tecnologia, culminado com o retorno ao mapa da fome e a aprovação do “Pacote do Veneno” na Câmara dos Deputados.
A diretora Cristina Viana destaca que, “é necessário que os colegas estejam atentos ao tema, visto que a saúde de todos e todas está sendo afetada pelo uso de agrotóxicos indiscriminadamente”. Ela entende que o enfrentamento à flexibilização desse uso aumentou durante o governo passado e que essa deverá ser uma luta constante, visto que várias iniciativas pró-agrotóxicos ainda estão em tramitação no Congresso Nacional.
Nessa perspectiva, analisa a diretora, a agroecologia vem com o diferencial de considerar não somente as práticas agrícolas, mas a necessidade de promoção da saúde, da soberania e segurança alimentar, no desenvolvimento socioeconômico sustentável e na construção de territórios saudáveis. Ela defende que “os processos de produção dos alimentos precisam ser humanizados e com foco na alimentação, diferente da forma que é utilizada atualmente que resulta na fome da maioria da população e na marca de que 59,4 % da população brasileira sofre de alguma deficiência nutricional”.