O Dia Nacional de Luta contra a reforma administrativa foi marcado por forte chuva em Porto Alegre. Mesmo assim, dezenas de pessoas estiveram em frente ao Hospital de Pronto-Socorro (HPS) para protestar contra a proposta do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e exigir a ampliação e a melhoria dos serviço públicos. Sindicatos das três esferas do funcionalismo, além da CUT e da CTB, estiveram presentes, denunciando os prejuízos que a reforma pode trazer ao conjunto da população brasileira. O Sintrajufe/RS participou do ato com diversos representantes da direção e colegas da base da categoria. Manifestações contra a reforma estão sendo realizadas nesta quarta-feira em várias cidades do país, inclusive no interior do Rio Grande do Sul.
No final da manhã, como estava previsto, os trabalhadores e as trabalhadoras se postaram em frente ao HPS e, com faixas denunciando o governo, usaram o microfone para lembrar que a reforma administrativa, se aprovada, irá representar o fim dos serviços públicos no Brasil. O princípio da subsidiariedade, que a reforma pretende incluir na Constituição, inverterá a lógica do Estado, priorizando a iniciativa privada e, na prática, deixando desassistidos na saúde, na educação e em outros serviços todos e todas que hoje concretizam esses direitos gratuitamente.
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Cientes da importância de barrar a reforma, dezenas de pessoas compareceram ao ato mesmo com a forte chuva que caía na cidade. A escolha do HPS como local para a manifestação não foi por acaso: mesmo com as dificuldades e a falta de investimento, trata-se de um dos importantes espaços de atendimento de saúde gratuito oferecido à população de Porto Alegre e que será diretamente atingido pelo escopo da reforma administrativa.
Críticas e denúncias deram o tom do ato
O diretor do Sintrajufe/RS Fabrício Loguércio, presente ao ato, usou a palavra pela CTB e destacou que o objetivo da reforma é o fim dos serviços públicos: “Bolsonaro quer acabar com o direito da população de ter saúde, educação, segurança pública”, disse. Também diretora do sindicato, Arlene Barcellos criticou a posição do governo de colocar a culpa pelos problemas nos servidores públicos, sendo que, para qualificar os serviços oferecidos à população e promover o desenvolvimento do país, é preciso ampliar os investimentos e valorizar os servidores e servidoras: “fui servidora 35 anos, lutei pela defesa do serviço público e agora, aposentada, é duro ver o desmonte feito por um governo entreguista, que quer entregar para a iniciativa privada tudo o que temos”, criticou.
A diretora Clarice Camargo denunciou a reforma como um ataque aos serviços públicos e às vidas dos brasileiros, e apontou o caminho: “só com luta vamos garantir o mínimo de dignidade para a população”. Cristina Viana, também diretora do Sintrajufe/RS, completou: “se passar a reforma, não vamos ter o SUS, não vamos ter o HPS”. Por sua vez, Marcelo Carlini, comemorou a realização da atividade “sabíamos que não reuniríamos milhares de uma só vez, há muita mentira por parte do governo que temos que desmontar, muitos colegas ainda não sabem que essa PEC pega todo mundo, antigos e futuros, ativos e aposentados… todo mundo perde, mas quem mais perde é o povo. Essa reforma não presta!”
O diretor Zé Oliveira afirmou que a reforma representa a destruição dos serviços públicos: “é acabar com a saúde, a educação, o acesso à Justiça, acabar com o acesso gratuito. E é fortalecer o apadrinhamento nos órgãos, em vez dos concursos. O que está em jogo é o acesso dos mais necessitados aos serviços públicos”. O diretor Paulo Guadagnin, outro que esteve no ato, explicou que, mesmo com as dificuldades do momento, o ato demonstrou a disposição de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras: “É preciso tomar as ruas e mostrar a disposição da classe trabalhadora para defender os serviços públicos”, defendeu. No mesmo sentido falou o colega Milton Oliveira, da Justiça do Trabalho: “Quem é de luta precisa ir pra rua. Não resta outra alternativa do que estar na luta. Precisamos mostrar resistência”.
A diretora Mara Weber lembrou que o HPS é um símbolo de atendimento gratuito e, assim, do que está ameaçado pela reforma administrativa: “As reformas trabalhista e da Previdência não trouxeram nada de bom para o Brasil, e agora vai ser assim de novo com a reforma administrativa”, advertiu. Também diretora, Rosseny Alves esteve no ato para denunciar que a reforma, se aprovada, representará “o fim dos serviços públicos, e é a população quem vai sofrer”.
“Fora Bolsonaro” e “fora Marchezan” revelaram a impaciência dos trabalhadores
O ato unificou as lutas dos servidores e das servidoras federais, estaduais e municipais. Assim, os gritos de “Fora Bolsonaro” e “Fora Marchezan” se alternaram, revelando e denunciando o alinhamento entre as políticas nacionais e locais, que incluem, ainda, o governador Eduardo Leite (PSDB). Em algumas falas, foi denunciada a demissão de quase 1,3 mil trabalhadores e trabalhadoras da saúde, mesmo em meio à pandemia, por decisão do prefeito Nelson Marchezan Jr.
Foi lembrado, ainda, que a reforma administrativa de Bolsonaro e Paulo Guedes atinge a todos e todas: servidores federais, estaduais e municipais e, além destes, o conjunto dos trabalhadores e das trabalhadoras. Isso porque o desmonte não é a solução para os problemas da população. Pelo contrário: é necessário mais investimentos e mais direitos, e não menos, para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros e brasileiras.
Veja abaixo a lista, por ordem alfabética, das entidades que participaram do ato desta quarta-feira:
Afocefe
Aspge/RS
Asserlegis
Assibge
Assufrgs
Cpers
CTB/RS
CUT/RS
Fenajud
Intersindical
Senergisul
Simpa
Simpe
Sindicaixa
Sindiserf
Sindispge
Sindjus
Sindoif
Sindpers
Sindsepers
Sintergs
Sintrajufe