SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

ROBÔS DE MATERIAL DIDÁTICO

Governo de SP avalia usar inteligência artificial para trabalho hoje feito por professores

Na última quarta-feira, 17, o jornal Folha de S. Paulo divulgou um projeto do governo do estado de São Paulo que se mostra preocupante tanto para os e as estudantes quanto para professores e professoras. Conforme a reportagem, o governador Tarcísio de Freitas (REP) quer que um robô de inteligência artificial comece a ser utilizado para preparar o material didático, função hoje desenvolvida por dezenas de professores e professoras.

O planejamento neste momento seria para a implementação de um projeto-piloto a partir do terceiro bimestre deste ano. A inteligência artificial seria utilizada para atualizar o material digital usado por professores dos últimos anos do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e do ensino médio.

Atualmente, a produção e atualização dos materiais didáticos é feita por professores curriculistas, especializados nesse tipo de trabalho. Conforme a própria Secretaria Estadual da Educação (SEE), hoje são 90 os profissionais desse tipo contratados pelo estado. Eles passarão a apenas avaliar e corrigir possíveis erros da ferramenta de inteligência artificial. A secretaria explicou, em nota, o novo “fluxo editorial”: “Nele, as aulas que já foram produzidas por um professor curriculista e já estão em uso na rede são aprimoradas pela IA com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula”.

Gera preocupação, ainda, a possibilidade de que em um futuro próximo esses professores curriculistas sejam reduzidos ou completamente substituídos por IA. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) caracterizou a decisão como “um escárnio sem precedentes e representa um novo e grave patamar de precarização dos profissionais da Educação e um ataque aos direitos dos estudantes”. A entidade aponta que “a inteligência artificial deve ser uma ferramenta pedagógica, inserida em longo e refletido planejamento, para potencializar as estratégias de ensino e aprendizagem. Nunca, jamais, como forma de substituir professores como responsáveis pela formulação de conteúdo pedagógico”. E completou com um alerta: “Colocar os professores como auxiliares dela, e não o contrário, importará em desperdício de horas de trabalho, com possibilidade de erros serem mantidos, em prejuízo do processo pedagógico e dos profissionais responsáveis. E, certamente, resultará em demissões”.

Com informações da Folha de S. Paulo, do portal G1, do TecMundo e do Olhar Digital