SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

censura

Ex-reitor da UFPel critica Bolsonaro e CGU impõe dois anos de mordaça

A Controladoria-Geral da União (CGU) puniu dois professores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) com a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta por crí­ticas a Jair Bolsonaro (sem partido). O Termo determina que eles não poderão criticar Bolsonaro nominalmente em eventos da universidade pelo perí­odo de dois anos. Entre os professores, está o ex-reitor e coordenador da pesquisa nacional EpiCovid, Pedro Hallal.

O caso

Em 7 de janeiro, em uma transmissão ao vivo para discutir a nomeação para o cargo de reitor da universidade para a gestão 2021-2024, Hallal disse que Bolsonaro tentou “dar um golpe na UFPel” ao ignorar a votação da comunidade acadêmica sobre o novo ocupante do cargo de reitor. Também lembrou que Bolsonaro é um “defensor de torturador” e o “único chefe de Estado do mundo que não defende a vacinação” contra a Covid-19. “Nós nunca nos curvamos ao presidente da República e não nos curvaremos mais uma vez”, afirmou.

O deputado Bibo Nunes (PSL-RS), descontente com as crí­ticas a Bolsonaro, denunciou os professores à CGU e defendeu suas demissões. A CGU não identificou infração grave, mas enquadrou os professores por manifestação de desapreço . Assim, aceitou abrir processo, que só seria extinto com a assinação de um Termo de Ajustamento de Conduta. Eles assinaram o Termo.

Em entrevista à Agência Pública, Hallal explicou porque decidiu assiná-lo: achei que o melhor foi isso, porque não tem reconhecimento de culpa, arquiva-se o processo e imediatamente eles são impedidos de me investigar novamente pelo mesmo assunto. E é um assunto isolado, ou seja, a tentativa de me censurar, a tentativa de me demitir que o tal do deputado clamou de que faria não funcionou e o processo foi arquivado . Disse, também, que se houve um processo contra mim, isso significa que as minhas crí­ticas estão incomodando , e prometeu: Vou continuar emitindo sempre minha opinião cientí­fica .

Reiteradas tentativas de censura sob Bolsonaro

Em diversas ocasiões nos últimos meses, o Sintrajufe/RS vem denunciando as reiteradas tentativas de censura e os casos de perseguição do governo Bolsonaro contra servidores públicos.  Em outubro de 2020, por exemplo, o sindicato alertou para nota técnica da própria CGU que ampliou o conceito de recinto de repartição para possibilitar que as casas dos servidores sejam consideradas local onde crí­ticas não podem ser dirigidas aos órgãos onde atuam. Isso quer dizer, na prática, que as redes sociais dos servidores passam a ser objeto de censura.

Em agosto, o Sintrajufe/RS já apontara, a partir de levantamento realizado pelo jornal Folha de S. Paulo, a disparada dos casos de assédio moral na gestão pública sob o atual governo. Em junho, o Sintrajufe/RS noticiara que servidores do Ministério, sob o comando do general Eduardo Pazuello, vêm sendo ameaçados de censura, com mensagens das chefias afirmando que a ascensão profissional pode ser definida de acordo com o que se divulga nas redes socais. No mesmo mês, o sindicato também denunciara os ataques do governo à autonomia das universidades, o que se repete agora na UFPel.

O Sintrajufe/RS já denunciou também que a reforma administrativa reforça o clima de autoritarismo e as práticas de cerceamento no serviço público. Veja abaixo o ví­deo divulgado pelo sindicato sobre o tema: