SINDICATO DOS TRABALHADORES DO JUDICIÁRIO FEDERAL E MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO - FUNDADO EM 28 DE NOVEMBRO DE 1998 - FILIADO À FENAJUFE E CUT

MARCHA HISTÓRICA

Centenas de milhares vão às ruas na Argentina contra cortes de Milei; remessas a universidades caíram mais de 30%

As principais cidades argentinas foram cenário, dia 23, de uma das maiores manifestações recentes no país, em defesa da educação pública; os organizadores afirmam que havia mais de 800 mil pessoas nas ruas. As mais de 40 universidades estatais do país estão em situação crítica devido à decisão do governo de Javier Milei de não ajustar os orçamentos de acordo com a inflação. De março do ano passado até agora, o aumento de preços internos foi de 287,9%, e no primeiro trimestre de 2024 as universidades receberam o mesmo orçamento que em 2023 ou até menos; várias instituições podem parar de funcionar.

Em discurso transmitido por cadeia nacional de rádio e TV, Milei tentou desmobilizar os atos públicos. Ele anunciou que o governo alcançou o superávit fiscal no primeiro trimestre, algo que não acontecia desde 2008. Mas isso foi conseguido à custa de vários cortes em áreas fundamentais. A estratégia do governo já resultou na demissão de mais de 15 mil servidores e servidoras e na redução do orçamento da saúde e da cultura, por exemplo. As aposentadorias caíram 36%. “A era do suposto Estado presente terminou. Foi um fracasso rotundo”, disse Milei.

A ministra de Segurança, Patricia Bullrich, exibiu nas ruas policiais e veículos, em uma ameaça de repressão nada velada, mas acabou recuando o operativo “antipiquete” frente à multidão. A gigantesca e histórica em Buenos Aires – da qual participaram importantes universidades privadas do país – contou também com a participação de setores políticos e movimentos sindicais e sociais. Mas, nas ruas da capital argentina, o que mais se viu foram alunos, professores, trabalhadores das universidades e pessoas já formadas e com filhos e netos que estudam em universidades públicas.

De acordo com estudo da Associação Argentina de Orçamento e Administração Financeira Pública, no primeiro trimestre deste ano as remessas às universidades públicas caíram entre 30% e 35% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a Associação Civil pela Igualdade e a Justiça, o orçamento atual das universidades públicas é o mais baixo desde 1997.

Estudantes relataram que os laboratórios das universidades estão sem recursos e alguns podem não ter como funcionar a partir do segundo semestre. Em universidades como a de San Martín, na Grande Buenos Aires, os professores comentaram que precisam levar seu próprio papel higiênico e limpar seus escritórios. A Universidade de Buenos Aires, a maior do país, com mais de 300 mil estudantes, está em emergência orçamentária.

De acordo com Oscar Valpa, vice-presidente do Conselho Interuniversitário Nacional, as remessas às universidades não cobrem sequer 50% das despesas com tarifas de luz, gás, segurança e limpeza, entre outras. Valpa comentou, ainda, que, entre dezembro e abril, os salários dos professores e das professoras perderam cerca de 50% de poder aquisitivo.

Com informações de O Globo, Página 12 e Público

Foto: site da CTA