Nessa segunda-feira, 11, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e Paulo Guedes anunciou um amplo plano de alteração da estrutura do Banco do Brasil, um dos principais bancos públicos do país. Entre o fechamento de agências e de postos de atendimento e um grande programa de demissões voluntárias, a decisão se sustenta na política geral de desmonte e privatização dos serviços públicos promovida pelo atual governo.
Pelo projeto serão fechadas 361 unidades do Banco do Brasil, sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 postos de atendimento, entre outras mudanças na estrutura de atendimento. Ao mesmo tempo, serão implementadas diferentes modalidades de demissão voluntária, com o objetivo de reduzir em mais de 5 mil os postos de trabalho. Em abril do ano passado, durante a reunião ministerial cujo vídeo acabou divulgado na imprensa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia demonstrado claramente seu projeto para o Banco do Brasil: tem que “vender logo a p* do BB”, disse Guedes.
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A privatização, inclusive em setores estratégicos, é uma política que Bolsonaro e Guedes vêm conduzindo ininterruptamente desde o início do atual governo. Em maio de 2020, o Sintrajufe/RS já denunciava o plano de privatizações, que incluía hospitais de Porto Alegre e o Trensurb, além da Casa da Moeda, dos Correios, da Dataprev, entre muitas outras empresas públicas.
São processos que se encaixam, também, na agenda mais ampla de Bolsonaro e Guedes: desmontar e privatizar os serviços públicos. A reforma administrativa, em tramitação no Congresso, é um passo decisivo nesse sentido. A reforma aumenta o poder do presidente para, em uma canetada, extinguir empresas e cargos. Também acaba com a estabilidade de servidores e servidoras e com os concursos públicos, além de inserir na Constituição o princípio da subsidiariedade, passando para o setor privado a preferência para a prestação de todos os serviços que hoje são prestados pelo Estado. Esse desmonte precariza o trabalho dos servidores e das servidoras e, ao mesmo tempo, prejudica o acesso da população a seus direitos.
Diretora do SindBancários denuncia impacto catastrófico para a população
O Sintrajufe/RS conversou com Bianca Garbelini, diretora do SindBancários/RS e representante do estado na comissão nacional dos empregados do Banco do Brasil. Para ela, o impacto da “reestruturação” para a população será “catastrófico”. A sindicalista denuncia que, “tanto nas capitais quanto nas cidades do interior, o que estamos vendo é uma diminuição do Banco do Brasil enquanto agente público, enquanto uma empresa de economia mista com uma função pública. Vemos um apequenamento do papel público, se percebe que o Banco está olhando somente para estratégias de mercado, cortando justamente onde existe o atendimento para a população mais vulnerável”.
Bianca explica que há uma tendência de redução das agências físicas, que são a referência do banco para a população mais vulnerável, que não tem fácil acesso à internet: “Essa população precisa da agência física. Principalmente nas cidades do interior, se tem muitas agências fechando, em muitas cidades não vai mais ter agências do Banco do Brasil, somente um correspondente bancário terceirizado, que não presta o mesmo atendimento, é um atendimento precarizado. É a instituição deixando de cumprir o seu papel de banco público”, denuncia.
A dirigente destaca, ainda, que o sindicato em nenhum momento foi ouvido pelo Banco do Brasil, tendo ficado sabendo das movimentações por meio das bases: “Só quando a gente pressionou o banco resolveu nos chamar para fazer uma apresentação sobre a reestruturação e explicar o que estava acontecendo. E já disse que não vai negociar os termos dessa reestruturação”, lamenta. Ela destaca, porém, que estão sendo preparadas ações nacionais para combater a reestruturação, com mobilizações e ações judiciais para tentar impedir o desmonte.